Beco sem saída


Para deputados, partidos da base de Dilma agem para se descolar de uma gestão em crise

A insatisfação popular e a falta de respostas aos apelos sociais por parte do governo federal colocaram a presidente Dilma em seu pior momento desde a chegada ao Planalto. Os deputados Wandenkolk Gonçalves (PA) e Raimundo Gomes de Matos (CE) afirmaram nesta segunda-feira (8) que a instabilidade da base governista reflete o fisiologismo existente em sua composição. Os parlamentares destacam que partidos aliados não querem se associar à imagem negativa da presidente, que já tenta se reaproximar dos movimentos sociais outrora abandonados por sua gestão.

Como destaca o Instituto Teotônio Vilela (ITV), os dois anos e meio de mandato da petista foram marcados por experimentalismos e ações erráticas que estão conduzindo o país a um beco sem saída.  Os problemas permanecem os mesmos e a presidente nada fez para resolvê-los. Como ressaltam os deputados, a petista preferiu criar um factoide com a proposta de plebiscito da reforma política e criou um racha ainda maior entre seus próprios apoiadores, muitos deles sem qualquer sintoniza histórica com o PT.

“Uma base disforme como a da presidenta, com ideologias diferenciadas, só poderia dar nisso. Era questão de tempo para essa implosão. A responsável por isso é a própria presidente porque ela não ouviu as vozes das ruas e não acordou para as vaias que recebeu na abertura da Copa das Confederações”, destacou Wandenkolk.

O tucano avalia que a presidente não ouviu as reivindicações populares. A dissonância com as necessidades dos brasileiros fizeram com que sua popularidade caísse drasticamente. “A maioria desses partidos da base são fisiológicos, vão para onde o vento bate, e agora o vento está batendo contra. Eles já estão se afastando para não se contaminarem com o conceito negativo da presidente”.

Na avaliação de Wandenkolk, Dilma está diante de uma base que “não vai admitir perder nacos dentro do governo”. Segundo ele, o ministério do governo petista é apenas cabide de emprego para alocar a companheirada. “O povo exige mudanças e ela não respondeu o mínimo das questões, nem em relação à educação, nem saúde, nem mobilidade urbana, nada. E é por isso que a base aliada está se insurgindo contra ela”, disse. Ao todo a gestão petista abriga 39 ministérios e mais de 20 mil cargos de confiança. – um recorde na história do país. Esta megaestrutura com microresultados é fatiada entre os apoiadores de Dilma. 

Para Raimundo, há uma falta de sintonia entre os membros do governo. “Os presidentes dos partidos dizem uma coisa, os parlamentares sinalizam outra. As legendas estão fragilizadas e isso é grave porque assim não se vota o que é necessário para o país. O necessário são as reformas tributária, fiscal e política para que possamos ter a estabilidade da nossa democracia.”

O tucano não acredita que possa haver um reencontro de ideais entre os partidos que perderam a convicção em apoiar a presidente. “Essa crise não é uma marola. Sua tendência é se agravar.  Essa dissintonia entre as lideranças da base aliada, e até mesmo dentro dos partidos onde há insatisfações, acontece porque todos foram cooptados pelo governo e agora percebem que isso está levando ao caos vivido pelo Brasil”, disse.

O governo anda tão sem rumo que até mesmo movimentos sociais historicamente parceiros do PT precisarão ser reconquistados. Segmentos como os gays, indígenas, ativistas digitais e outros têm começado a encontrar novamente espaço para diálogos com o governo, que durante bom tempo ignorou os grupos organizados.

(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr/ Áudio: Hélio Ricardo)

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8 julho, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

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