Hora de inovar

Manifestações demonstram insatisfação e necessidade de mudanças, avalia Marcus Pestana

De acordo com o deputado Marcus Pestana (MG), não há dúvidas de que os protestos da população mandaram um recado para todos os partidos, instituições e lideranças políticas. “O Brasil foi surpreendido por uma manifestação inédita nas ruas, uma explosão de indignação e cidadania, mostrando claramente que, ao contrário do que é divulgado pelo marketing do governo, nem tudo vai tão bem assim. Há insatisfações acumuladas e necessidade de inovar e avançar”, afirmou.

Segundo o parlamentar, é fundamental interpretar as razões dos protestos e formular propostas que vão ao encontro das necessidades da população. “Precisamos ter respostas para as angústias da sociedade, como a mobilidade urbana, o problema da moradia, a insegurança em relação aos preços e à inflação, dar um basta na corrupção, realizar uma reforma política, pela via democrática, para aproximar o sistema da população, e discutir as políticas públicas de saúde, educação e segurança”, afirmou.

O deputado criticou a falta de liderança e a incapacidade da presidente Dilma para promover as reformas que o Brasil necessita. “A população mandou um recado para todos os partidos políticos, mas a maior cota é da presidente Dilma e do governo federal. Toda essa insatisfação indica que a verdadeira solução é uma alternância de poder para promover no país um novo ciclo de desenvolvimento econômico e social”, frisou.

“O governo fala em qualidade da saúde, mas derrotou os 10% dos recursos federais para o setor. Fala em mobilidade urbana, mas não cancela o trem-bala, que vai custar R$ 50 bilhões, dinheiro que poderia ser investido no metrô. Além disso, deveria reduzir esses 39 ministérios”, completou.

Conforme destacou, o momento é importante para que haja uma interlocução entre o PSDB e a sociedade. “O PSDB tem o papel fundamental de interpretar esse novo momento e entender o sentido do posicionamento das pessoas que estão indo às ruas. É muito importante que a legenda consiga cumprir o seu papel como o maior partido de oposição e um dos maiores partidos do país, aquele que conseguiu produzir reformas estruturais e lançar as bases do Brasil contemporâneo”, disse.

Propostas votadas pela Câmara são respostas a protestos

Marcus Pestana disse que as propostas analisadas pela Câmara nesta semana são uma resposta do Congresso às reivindicações da sociedade. “É próprio da democracia que as instituições se movimentem numa velocidade maior quando são legitimamente pressionadas”, resumiu.

O tucano ressaltou que a aprovação de 75% dos royalties para a educação é um grande avanço em relação à proposta da presidente Dilma. Segundo ele, os recursos previstos no projeto da petista só seriam disponibilizados daqui a cinco anos. “O projeto garante a aplicação imediata e muito mais recursos. É preciso estar atento para que o texto não sofra alterações no Senado e, principalmente, que a presidente não vete essa proposta nascida na Câmara”, apontou.

O deputado lembrou também a importância da Casa ter rejeitado a PEC 37. “A PEC 37 retirava a capacidade de investigação do Ministério Público. Isso seria um retrocesso. A atuação do órgão é um mecanismo essencial para o combate à corrupção”, ponderou.

Assembleia Constituinte para realizar reforma política é um equívoco

O parlamentar considerou equivocada a ideia da presidente Dilma de convocar uma Assembleia Constituinte para realizar a reforma política. Para ele, a proposta gera instabilidade. “O fato de a presidente levantar a possibilidade de um processo constituinte de iniciativa sua é como se fosse a refundação da democracia brasileira. Nós estamos em pleno Estado Democrático de Direito, com as instituições funcionando”, avaliou. “É uma ação desastrada em relação à reforma política, que mais confundiu que esclareceu, com uma marca de oportunismo e até de hipocrisia porque o governo federal não mexeu uma palha nesses dois anos e meio para fazer a reforma, se omitiu completamente”, acrescentou.

(Reportagem: Alessandra Galvão/ Foto: Alexssandro Loyola)