Entrevista
Juventude está mostrando aos brasileiros que se indignar é um direito, diz William Dib
O deputado William Dib (SP) fez uma análise das manifestações populares que estão ocorrendo em todo país. O parlamentar acredita que se trata de uma "luz de esperança" a impulsionar o direito de ficar indignado com as péssimas condições dos serviços públicos oferecidos, falta de cidadania e de representatividade em todas as esferas públicas.
O tucano acredita que a ética e a moral sejam fundamentais no processo político para a transformação reivindicada pelas pessoas de bem, que querem melhorar a vida de todo cidadão. "É para isso que serve o processo político. Não serve para fazer negócios e nem negociatas", afirmou.
O parlamentar defendeu a punição rigorosa da corrupção e o combate frrenho à impunidade. Ainda segundo Dib, o atual governo há anos pratica os mais variados desmandos na condução do Brasil. Na entrevista, o parlamentar parabenizou os manifestantes e avaliou que a sociedade e os governantes irão ouvi-los.
Confira abaixo a íntegra:
Qual a sua opinião sobre as manifestações que estão ocorrendo em várias cidades brasileiras?
É uma "luz de esperança". Mostram que a juventude pode ensinar a nossa sociedade o direito de ficar indignado e manifestar essa indignação.
Esse sentimento de “ficar indignado” foi tema de um de seus discursos no Grande Expediente, no Plenário da Câmara dos Deputados. Isso também significa que a classe política precisa tomar atitude, adotar uma medida, para ir ao encontro destes anseios populares?
Sim, as pessoas precisam sentir-se melhor representadas. Elas precisam sentir-se cidadãs no seu inteiro teor e receber um serviço público de qualidade, ter segurança, saúde, educação e um transporte de qualidade. É inaceitável que em vez de termos um serviço público de qualidade, fiquemos assistindo certos espetáculos lamentáveis, em que o governo engana o povo com “pão e circo”; isso não cabe mais nos dias de hoje, pois o que estamos vendo hoje são investimentos superfaturados da Copa do Mundo e da Copa das Confederações, e provavelmente nas Olimpíadas, tirando a possibilidade de cidadania da nossa população. Eu acho que isso não pode ser assistido como um circo da Roma antiga.
E aqui no Congresso Nacional, o que poderia ser feito? Teremos que ter uma nova liderança política para começar esse movimento de renovação junto aos próprios deputados e senadores?
Sim. Eu acho que nós precisamos de um movimento em que a ética e a moral precisam ser julgadas, precisam ser fatores essenciais nessa transformação, pois a política é a arte de transformar a qualidade de vida das pessoas, melhorar a vida das pessoas. É para isso que serve o processo político. Não serve para fazer negócios e nem negociatas!
O Senhor sugere alguma atitude mais imediata?
Que haja mais punição. Que a impunidade não seja regra. Que os artifícios utilizados pelos corruptos e corruptores para não serem punidos sejam impedidos. Que não haja esquecimento dos desvios dos recursos públicos pela mídia e pela população, pois isso gera a impunidade. Mas que tenha uma resposta do Judiciário, que tenha uma resposta à sociedade, e que não haja esse esquecimento.
Por que é tão difícil levantar essa bandeira?
Porque são anos de desmandos. É necessário conscientizar a todos, mas não é uma tarefa simples. Hoje, nós temos a cúpula do governo, com a sua base (maioria dos deputados e senadores), aplicando esse desmando diariamente.Então, estão de parabéns os jovens que levantam esta bandeira, pois, com certeza, a sociedade e os governantes irão ouvi-los.
(Da assessoria do deputado/Foto: Alexssandro Loyola/Áudio: Elyvio Blower)
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