Inconformismo


Insatisfação geral leva população às ruas e precisa ser respeitada, avaliam tucanos

As manifestações que tomaram as ruas de diversas cidades no fim da tarde e na noite dessa segunda-feira (17) foram vistas pelos tucanos como reações legítimas de inconformismo diante dos problemas nacionais. Deputados do PSDB e lideranças nacionais do partido, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, se pronunciaram após o movimento e afirmaram que o país precisa de um novo rumo.

Em sua página no Facebook, o líder tucano na Câmara, deputado Carlos Sampaio (SP), ressaltou que os protestos não têm motivação única nem vínculo partidário algum. “Existe, sim, uma indignação generalizada contra a forma de se fazer política, contra o mensalão, contra a impunidade, contra a insegurança, contra as ‘velhas raposas’ que ainda integram a classe política, contra o transporte caro, a saúde e a educação ainda precárias. Eu diria que as razões para esse inconformismo difuso são muitas”, destacou.

O parlamentar destacou que os jovens que participaram dos protestos não viveram no Brasil da ditadura militar ou sequer participaram das manifestações que derrubaram o ex-presidente Collor. “Eles nunca viram ninguém se indignar com esse estado de coisas que acontecem em nosso país! Eles têm todo o direito de protestar. É hora de ouvi-los, pois o que eles estão dizendo é que estão cansados dessa realidade e querem mudanças! Disso, eu não tenho dúvida” afirmou.

O líder da Minoria na Câmara, Nilson Leitão (MT), afirmou, em entrevista à TV Câmara, que tudo começou diante de uma insatisfação generalizada da população. O tucano citou problemas como os conflitos entre índios e produtores rurais, caos no setor logístico, greves consecutivas em setores como a educação, abandono da saúde pública, transporte caro e a alta inflação, que segundo ele, tem sido o estopim de todos os males. “Isso tudo acordou uma sociedade que, com as redes sociais, tem facilidade para se comunicar. O modelo brasileiro de administração pública está exaurido e a sociedade não aguenta mais”, afirmou, ao destacar que o governo precisa tomar atitudes.

O deputado Antonio Imbassahy (BA), líder da Minoria no Congresso, destacou que é necessário saber ouvir os recados dados nas ruas e compreendê-los. “Interpretar os significados, buscar novos rumos, porque assim se constrói a democracia. Os jovens chamam o país para entrar na era da modernidade. Temos a responsabilidade de abrir os caminhos”, disse.

Alguns deputados comentaram os acontecimentos pelo Twitter.  Otavio Leite (RJ) afirmou que esse é um tempo de reflexão e ouvidos abertos. “A saída política para uma nova dimensão civilizatória está na própria política”, disse. Para ele, o Brasil viveu um momento histórico com os protestos. “Tomara que signifique o início de uma era”, afirmou. Vaz de Lima (SP) avaliou que o Voz das Ruas, como o movimento foi chamado nas redes sociais, foi a maior manifestação depois dos "caras pintadas". Jutahy Junior (BA) parabenizou os “milhares que foram às ruas pacificamente lutando por um Brasil mais justo e melhor”.

Marcus Pestana (MG) alertou: “A indignação explodiu nas ruas de forma difusa, surpreendente, contraditória, interessante! Sem direção e bandeiras claras". O 1º vice-líder tucano, João Campos (GO), salientou que “manifestações pacíficas revelam civilidade dos jovens. Baderna, vandalismo e violência não combina com democracia”. Walter Feldman (SP) disse que as manifestações foram pacíficas e modernas. Ele ressaltou que violência nesse caso foi exceção. “Participo das lutas sociais desde 1974. Nunca vi nada igual. Sem partidos, sem líderes formais, multicêntrico, fortemente cultura de paz”, avaliou.

Em nota oficial, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG) afirmou que os protestos devem ser compreendidos antes de rotulados. “É nítida a existência de um forte sentimento de insatisfação, especialmente entre os jovens, e que, ainda que de forma difusa, ganha as ruas e precisa ser respeitado”.

O tucano enumerou alguns dos motivos que levaram as pessoas às ruas. “São brasileiros de diversas partes do país se mobilizando, entre outras questões, contra o aumento de passagens, contra a baixa qualidade dos serviços públicos, de transporte, de saúde e de educação, contra os desvios éticos na política e contra a pressão exercida pelo aumento do custo de vida”.

O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso disse que os governantes e as lideranças do país precisam atuar entendendo o porquê das manifestações. “Desqualificá-las como ação de baderneiros é grave erro. Dizer que são violentos nada resolve. Justificar a repressão é inútil: não encontra apoio no sentimento da sociedade. As razões se encontram na carestia, na má qualidade dos serviços públicos, na corrupção, no desencanto da juventude frente ao futuro”, afirmou o presidente de honra do PSDB.

(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)

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18 junho, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

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