Viés eleitoral


Deputados cobram explicações sobre a prisão de quatro agentes da Abin suspeitos de espionagem

O governo federal deve explicações à sociedade sobre a prisão de quatro agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) suspeitos de espionar o governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Essa é a opinião dos deputados João Campos (GO) e Domingos Sávio (MG). Integrantes da Comissão de Segurança Pública, os tucanos defendem a convocação do chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, general Jose Elito Siqueira, e do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, além de convite ao diretor-geral da Abin, Wilson Trezza. O líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), vai apresentar requerimentos nesta semana para ouvir as autoridades no colegiado

Para João Campos, o requerimento é oportuno diante das suspeitas de que a espionagem tenha objetivos eleitoreiros. “Nós não podemos permitir que instituições de Estado estejam a serviço de um palanque eleitoral. Daí a necessidade de explicar exatamente qual era a missão dos agentes da Abin, a finalidade e a extensão disso. Não vamos permitir que o Estado brasileiro seja o Estado da espionagem, com grave ofensa às garantias individuais. Isso não pode ser admitido em hipótese alguma no estágio em que se encontra a nossa democracia”, afirmou nesta segunda-feira. 

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Domingos Sávio lembrou que o GSI é um órgão diretamente ligado à Presidência da República. “O fato em si é grave, mostra o uso de uma estrutura pública contra uma autoridade eleita pelo povo e, portanto, deve ser esclarecido. Como um órgão que tem uma ligação tão estreita com a Presidência da República pode espionar um governador que tem sido um aliado do governo federal? Será que é só porque se cogita o nome dele como um concorrente?”, questionou.

Na avaliação do deputado, o monitoramento contraria os interesses republicanos. “Isso vem da época da ditadura, é coisa de governos autocráticos, que usam a máquina de maneira absurda para constranger, perseguir pessoas. É inaceitável. Infelizmente o governo do PT adota aquela estratégia de que os fins justificam os meios e usam de meios ilegais para alcançar seus objetivos”, declarou. 

De acordo com a revista “Veja”, as prisões ocorreram em 11 de abril. A revista relata que, uma semana antes, o jornal “O Estado de S.Paulo” havia mostrado que, sob o comando do GSI, a Abin espionava sindicalistas no Porto de Suape. A operação de espionagem ocorria no momento do embate entre o Palácio do Planalto e Eduardo Campos, que era contra a aprovação da MP dos Portos. 

No domingo, o líder tucano, Carlos Sampaio, cobrou esclarecimentos sobre o caso. “É inadmissível o uso eleitoreiro de instrumentos de Estado para bisbilhotar a vida de políticos. O governo do PT tem adotado a política do vale tudo para permanecer no poder. Essa ação coloca em risco a democracia brasileira, que foi conquistada com muita luta pela população”, condenou. 

Em nota divulgada hoje, o GSI afirmou que as atividades externas realizadas por servidores da Abin são controladas oficialmente. Segundo o órgão, não há registros da detenção de agentes no Porto de Suape. “A Abin não faz operações para vigiar movimentos sindicais ou sindicalistas e não há conotação política no exercício de sua competência legal que segue os princípios do Estado Democrático de Direito", diz trecho do texto. 

(Reportagem: Alessandra Galvão/ Foto: reprodução – revista Veja/ Áudio: Elyvio Blower)

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17 junho, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

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