“Vamos ao mutirão da profissionalização”, por Carlos Roberto


Os gargalos que impedem a melhoria da competitividade, a qualificação da mão de obra e a importação de profissionais são alguns dos temas que, recorrentemente, fazem parte da pauta da indústria brasileira, sufocada pela falta de uma política nacional de desenvolvimento, com ênfase na produção. Nesta semana, o Congresso Nacional, por meio da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio, recebeu o professor Marcos Formiga para discutir o assunto com os deputados.

Graduado em Educação Internacional pela Universidade de Londres, ele atua há quase três décadas em áreas de Economia Regional e Educação Internacional, Educação Aberta e a Distância. Desta forma, conhece como poucos a verdadeira realidade da educação no país, principalmente no que se relaciona ao ensino voltado ao desenvolvimento. Assim, o debate com parlamentares ligados à área de produção rendeu ótimas ideias, simples e que podem ser colocadas em práticas de forma rápida, caso haja vontade política para tanto.

Um dos projetos abordados, defendido por este deputado, é a implantação no Brasil do Mutirão da Profissionalização, um sistema que poderia integrar escolas profissionalizantes, cursos técnicos, faculdades, iniciativa privada, poder público, além da sociedade civil, por meio de associações de bairros, igrejas e sindicatos, entre outros. A ideia consiste em identificar as necessidades de cada cidade e promover cursos voltados à profissionalização a fim de atender as empresas da região.

E não é necessário contar com uma megaestrutura, que inclua a construção de prédios ou contratação de pessoal. Basta boa vontade e determinação. A sociedade civil entra com os locais para a realização dos cursos. Existem em nossas cidades inúmeros templos religiosos, clubes e associações com auditórios que ficam vazios durante boa parte da semana e que poderiam ser cedidos gratuitamente para a formação profissionalizante. Escolas e faculdades cederiam o corpo técnico, incluindo professores e equipamentos, em troca de possíveis isenções ou mesmo para aprimorar o conhecimento de seus profissionais na prática docente.

Já o poder público patrocinaria o projeto, por meio de incentivos fiscais, por exemplo. As empresas absorveriam essa mão de obra, que estará mais preparada para prestar os serviços necessários nos próprios locais onde vivem. Como o Brasil não conta com esse tipo de ação, é comum hoje muitas empresas sofrerem com a falta de profissionais capacitados, sendo obrigadas a buscá-los em outras cidades e até países, a fim de preencher suas necessidades, o que – invariavelmente – aumenta os custos operacionais, inviabilizando muitas vezes a produção nacional.

Como sempre defendo, são essas medidas simples que podem ajudar a desenvolver o Brasil e incentivar os setores produtivos. Não adianta nada ficar esperando grandes ações, que envolve milhões em investimentos de dinheiro do próprio povo, se não se faz nem o básico. Passa da hora do Brasil contar com uma política de educação voltada à formação profissional.

*Carlos Roberto é deputado federal, presidente da subcomissão de monitoramento das políticas de financiamento dos bancos públicos de fomento, com destaque ao BNDES, e industrial.

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17 junho, 2013 Artigosblog Sem commentários »

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