Situação preocupante


Ações pontuais não controlaram inflação e alta dos preços já afeta cidadãos, avaliam deputados

A escalada da inflação, que o governo tenta a todo custo ofuscar, está entre as principais razões da queda na popularidade da presidente Dilma. Números divulgados ontem mostram que os alimentos continuam puxando para cima os indicadores. O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), apurado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), apontou alta de 0,48% na primeira semana de junho. Na semana anterior, a elevação foi de 0,36%.

Para os deputados Alfredo Kaefer (PR) e Rodrigo de Castro (MG), as ações do governo para conter a alta dos preços não são suficientes. Isso porque o problema é maior do que o Planalto estima. Em junho, a inflação subiu 0,43%, segundo prévia divulgada ontem do Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M). No mesmo período do mês anterior, a elevação foi de 0,03%. O IGP-M, calculado pela FGV, é utilizado para a correção de contratos de aluguel e como indexador de tarifas, como energia elétrica.

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Na avaliação de Kaefer, a “inflação e a carestia vão continuar”. O tucano explica que as desonerações feitas pelo governo serviram para impedir que a elevação de preços fosse ainda maior, porém não conseguiram impedir uma alta que deve continuar, pois o problema está na política macroeconômica.

“Os instrumentos todos estão acabando e ainda assim os preços continuam subindo e a inflação dá sinais de vitalidade. O que denota que a inflação está na raiz de uma situação macroeconômica e não de algo pontal”, afirma.

Segundo ele, a principal questão passa pelos gastos acima do limite do próprio governo. “Se com todas as desonerações feitas, a inflação ainda não recrudesce, é porque realmente a situação é preocupante e ela vai continuar se acentuando”, disse. De acordo com o deputado, a alta do dólar, motivada pelo aquecimento da economia americana fará com que novas desonerações no Brasil tenham efeito praticamente neutro.

Apesar de o cenário ser desolador, sobretudo para quem vai ao supermercado, o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, buscou minimizar ontem as críticas do mercado à política ao afirmar que a economia está em expansão e que o investimento está crescendo de forma "sustentável" e melhor do que no ano passado. Ele defendeu a continuidade da política de isenção fiscal do setor produtivo.

Essa combinação de preços altos com inflação latente é um dos principais motivos atribuídos à queda de 8% (passou de 65% para 57%) na popularidade da presidente Dilma, mostrada em pesquisa do Datafolha divulgada no fim de semana. A percepção da população em relação à economia piorou. Para 51% dos entrevistados, a inflação vai subir. Esse índice era de 41% no início do governo.

Nesta terça-feira (11) foi a vez da pesquisa CNT/Sensus mostrar que a aprovação do governo caiu de 56,6% para 54,2%. Pelo levantamento, o percentual da população que acreditava que o emprego melhoraria em seis meses passou de 54,1%, em julho de 2012, para 39,6% em junho deste ano. A expectativa positiva com relação ao aumento de renda caiu de 49%, em julho do ano passado, para 35,8%. Também houve queda significativa na expectativa por melhoras em setores como saúde, educação e segurança.

“A inflação é um motivo de preocupação dos brasileiros, e com razão. Quem parece não estar preocupado é o governo”, afirmou Rodrigo de Castro ao avaliar a alta dos preços como uma das razões para a queda na popularidade da presidente. Em sua opinião,  o Planalto tem agido de maneira insatisfatória, sem planejamento.

“A inflação hoje é real e um legado de Dilma para uma geração de brasileiros que ainda não conheciam esse drama. O Brasil corre o risco de perder o controle sobre uma conquista histórica, que é a estabilidade econômica, e o governo, ou assiste inerte ou toma as medidas erradas no combate à inflação. Quem sofre com isso são os brasileiros”, disse.

Redução de expectativa

-> Os resultados negativos sobre economia não se restringem à inflação. Em outra vertente, o mercado reduziu a expectativa de expansão do PIB para este ano pela quarta vez consecutiva: passou de 2,77% para 2,53%. A projeção para a alta de preços manteve-se em 5,8%, em 2013 e 2014. Completa o cenário negativo a redução pelo mercado da expectativa sobre a balança comercial de US$ 8,30 bilhões para US$ 7,35 bilhões, em 2013. A taxa Selic, hoje em 8%, deverá fechar o ano em 8,5%, e 2014 em 8,75%, segundo projeções do mercado.

(Reportagem: Djan Moreno / Charge: Fernando Cabral/ Áudio: Elyvio Blower)

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11 junho, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

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