Mudança de perspectivas


Aécio critica falhas da gestão petista e aponta novos rumos para o país

Eleito presidente nacional do PSDB há menos de um mês, o senador Aécio Neves faz um diagnóstico sombrio do governo Dilma. Em entrevista à revista Época desta semana, o tucano diz que o petismo falhou na condução da política econômica, na gestão do país e no aprofundamento dos programas nas áreas sociais. ”A saúde é trágica, a educação é de péssima qualidade e a criminalidade avança sem respostas objetivas do governo”, afirmou Aécio, que alertou ainda para o PIBinho e a volta da inflação. O tucano deixa claro que pensa diferente de Dilma: para ele, o Estado brasileiro precisa ser eficiente, tendo o cumprimento de metas e a qualidade como balizas da gestão. Segundo o ex-governador de Minas, o número de ministérios não passaria de 22 – recentemente a petista nomeou seu 39º ministro. Confira abaixo trechos da entrevista, que integra a série “Líderes brasileiros”:

Planalto gasta muito e mal

“O governo não fez o que precisava fazer. Só com a redução da taxa de juros, a economia foi de 1% do PIB. Isso foi gasto em investimentos que pudessem alavancar o crescimento da economia? Não. Foi gasto exclusivamente em aumento dos gastos correntes do governo. O governo gasta muito e gasta mal. E, sobretudo, gasta sem prioridades. O que aconteceu? Até 2008, o governo seguiu, de alguma forma, a cartilha do PSDB na macroeconomia. Aliás, quando o PT segue a cartilha do PSDB, ele vai bem. Quando o PT resolve inventar seu próprio caminho, o Brasil vai mal”.

Cortar despesas e diminuir ministérios

“Hoje, só perdemos para o Sri Lanka no mundo. E que se cuide o Sri Lanka! Se tiver mais um partidinho para entrar no governo ou mais três segundos de TV, podemos chegar lá. Um grupo muito qualificado da Universidade Cornell fez um estudo em mais de 60 países e mostrou que os mais eficientes têm entre 20 e 22 ministérios.”

Aperfeiçoando os programas sociais

“O Bolsa Família representa hoje 0,5% do Orçamento. E está enraizado na vida econômica, na vida social do país. Pode ser mantido, mas tem de ser avaliado. Essas famílias têm de, pelo menos uma vez ao ano, receber uma visita para saber o que aconteceu com as crianças. Defendo até coisas novas. Uma família em que os pais voltaram a estudar deveria ter um bônus. Quando os filhos estão efetivamente melhorando seu nível de escolaridade, também têm de receber bônus. Defendo que um pai de família que arrume um emprego ainda receba a Bolsa por mais seis meses. Mas esse pessoal tem de ser estimulado a ir trabalhar. Não acho que a única herança que um pai de família queira deixar para seu filho seja um cartão do Bolsa Família. Que país é esse que estamos construindo? Foco, gestão, inclusive dos programas sociais, é fundamental. O governo não avalia mais esses programas. A lógica do governo hoje é a contabilidade marqueteira.”

Cumprimento de metas na máquina pública

“Minas Gerais tem 100% dos servidores avaliados por metas. Na educação, de melhoria do nível de cada sala de aula. Na saúde, de redução da mortalidade infantil. Na segurança, de diminuição da criminalidade. Fizemos isso em todas as áreas. Por que o governo do PT não faz isso? Porque é comprometido com esse corporativismo sindical que não quer avaliação, tem horror de ser avaliado. Sou a favor de que o servidor público seja muito bem remunerado, mais do que é hoje. Mas sou a favor de que preste também serviços de ótima qualidade à população. Temos de dar condições e avaliar”.

Serviço público eficiente

“Estados do PSDB são estados bem governados, eficientes, que não jogam para a plateia e para o corporativismo. São estados que apresentam resultados. Diferentemente do PT, que faz o governo do improviso casado com a ineficiência”.

Melhorar a qualidade da educação

“Se formos falar de educação, é trágica a situação do Brasil. Na América do Sul, em média de permanência dos meninos na escola, só nos equiparamos ao Suriname: 7,5 anos de permanência, contra 12 da Argentina. No final do governo FHC, chegamos a 97% das crianças nas escolas. O que aconteceu em termos de qualificação? Nada. Hoje, uma em cada quatro crianças que entram no ensino fundamental sai antes de completar o ciclo. No ensino médio, 50%”.

Minas e o pioneirismo no ensino infantil

“Assumi o governo de Minas em 2003. Em 2004, fui o primeiro governador do Brasil a colocar as crianças de 6 anos na escola. Sabe como fiz? Gestão. Coloquei mais de 100 mil crianças nas escolas, ocupando espaços ociosos, professores com carga horária ociosa, fizemos remanejamento. Houve pancadaria do sindicato em cima da gente, mas enfrentamos”.

Redução da carga tributária

“Tem de ser feito com planejamento, redução dos gastos correntes para ter um espaço fiscal para reduzir a carga. O governo optou por desonerações setoriais, um grave equívoco, e sem contrapartida das empresas.”

(Reportagem:  Edjalma Borges e Marcos Côrtes/Foto: George Gianni/PSDB)

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10 junho, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

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