Falta de diálogo


Crise na base aliada tem origem no autoritarismo da presidente Dilma, avaliam deputados

A crise na base aliada revela o autoritarismo da presidente Dilma Rousseff, na avaliação dos deputados Domingos Sávio (MG) e César Colnago (ES). Uma série de fatores demonstra o racha dos partidos de sustentação do governo. Em reunião prevista para esta segunda-feira (3) com lideranças do PMDB, a petista pretende reduzir as tensões com o principal partido aliado. Além disso, hoje expira a Medida Provisória 605/13, que reduziria a conta de luz, mas não foi votada a tempo pelo Congresso. A enorme dificuldade para aprovar a MP dos Portos é outra demonstração da falta de liderança política da presidente.

De acordo com os tucanos, a relação conflituosa prejudica o país. “A falta de diálogo reflete o perfil de um governo autoritário. A presidente Dilma se mostra incompetente para dialogar até com a sua base, que dirá com a oposição. Um presidente em qualquer país democrático tem habilidade para construir entendimentos. Ela não mostra a menor aptidão para isso”, declarou Domingos Sávio. “A consequência é um governo desarticulado, que não consegue mostrar a que veio. Isso é ruim para o país”, completou. 

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“A presidente não está conseguindo liderar um processo político para fazer as reformas necessárias e apreciar matérias importantes que ajudem o Brasil a crescer e a se desenvolver. Há uma falta de diálogo e um comportamento autoritário. Isso tem feito com que a própria base fique desorientada e desunida”, apontou Colnago.

Em entrevista ao jornal "Correio Braziliense", o líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), condenou a falta de articulação da base aliada. "Além disso, é inacreditável a desarticulação política. Eles (os governistas) têm 420 deputados na base. A oposição só tem 90. E eles não conseguem colocar quórum para votar uma MP", afirmou. 

Uma emenda do líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), à MP dos Portos quase impediu a votação da matéria. Após a aprovação do texto na Casa, em sessões com mais de 40 horas de debate, o Senado teve que votar a medida às pressas. O presidente do Senado, Renan Calheiros, determinou que as MPs que não chegassem à Casa com prazo mínimo de sete dias não seriam apreciadas. O peemedebista cumpriu a decisão e a MP 605 não foi analisada pelos senadores. 

Na avaliação dos tucanos, o governo Dilma não deixará como marca grandes reformas como a política e a tributária. A petista abdicou de liderar o processo para votação dos temas. “A presidente vai deixar como marca do seu governo a incompetência e o autoritarismo. Ela chegou à Presidência com fama de boa gerente, mas se mostra ineficiente em relação às obras do PAC, à transposição do Rio São Francisco, que jogou bilhões de reais fora, à gestão ineficiente do setor de energia e da economia”, criticou.

Para Colnago, a petista não quer assumir a responsabilidade de fazer as reformas necessárias ao país. “Fazer reforma dá trabalho e significa insatisfazer determinados setores. O governo sempre faz remendos e não o essencial, que é enfrentar o problema, ter um diagnóstico correto e fazer o que for necessário para corrigir o rumo. Com isso, quem perde é o Brasil e a população assalariada por causa do descontrole das contas do governo, uma desestruturação da economia e a inflação voltando”, disse.

(Reportagem: Alessandra Galvão/ Foto: /Áudio: Elyvio Blower)

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3 junho, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

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