Bolsa Família

PSDB quer esclarecer informações erradas em pagamento antecipado do Bolsa Família e cobra punição de responsáveis

O PSDB exige explicações do governo federal a respeito do pagamento antecipado do Bolsa Família. A Caixa Econômica Federal pediu desculpas nesta segunda-feira (27) pelas informações incorretas divulgadas pelo banco sobre a liberação dos recursos do programa. O banco, responsável por fazer o pagamento para 13,8 milhões de famílias, admitiu que liberou todos os créditos de uma só vez, contrariando a escala tradicionalmente usada para pagar o benefício. O erro desencadeou uma corrida a agências bancárias.

Inicialmente a Caixa afirmou que a liberação ocorreu depois do boato sobre o fim do Bolsa Família. No entanto, no último sábado (25), o banco informou que antecipou o saque do benefício na sexta-feira (17), um dia antes do tumulto nas agências. O presidente da Caixa, Jorge Hereda (foto), afirmou que soube da liberação antecipada na última segunda-feira (20). Segundo ele, a divulgação das informações equivocadas foi motivada pela situação de crise.

O PSDB anunciou que vai protocolar requerimentos de convite a Jorge Hereda nas comissões de Fiscalização Financeira e Controle e de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado. Também será enviado ofício ao presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, solicitando apuração sobre a ação da Caixa. O partido também quer convocar a ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, para que ela esclareça se tinha conhecimento da antecipação do pagamento.

“A Caixa precisa dar explicações sobre o que motivou a antecipação dos benefícios e por que só agora admitiu ter feito o pagamento antes do previsto. Não nos parece ser rotineiro e fácil antecipar o pagamento de R$ 2 bilhões de uma hora para outra”, afirmou ainda no sábado o líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP).

Nas redes sociais, o tucano disse que vai continuar exigindo explicações sobre o erro da Caixa. “O banco admitiu que liberou todos os créditos de uma só vez, contrariando a escala normal usada para pagar o benefício. O erro desencadeou uma corrida às agências bancárias. E ainda teve ministro creditando à oposição, de forma irresponsável, o boato de que o programa iria acabar! Durma com um governo desses!”, disse nesta segunda-feira (27).

O deputado Otavio Leite (RJ), presidente da Comissão de Segurança Pública e Crime Organizado da Câmara, vai apresentar Requerimento de Informação cobrando da Polícia Federal investigação da central de telemarketing do Rio de Janeiro que seria responsável por espalhar o boato.

No Senado, o PSDB pedirá ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, o passo a passo das informações do inquérito em andamento no âmbito da Polícia Federal sobre os boatos do Bolsa Família. O líder tucano na Casa, Aloysio Nunes Ferreira (SP), e o senador Alvaro Dias (PR) protocolaram hoje na Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle requerimento para convidar Jorge Hereda a prestar esclarecimentos sobre a data de liberação dos valores.

Os senadores protocolaram representação na Procuradoria Geral da República para apurar responsabilidades. O documento pede a imediata abertura de procedimento administrativo competente para investigação penal e cível, além de – se assim entender o Ministério Público – o oferecimento de denúncia criminal.

O deputado Eduardo Azeredo (MG) cobrou explicações do governo federal. O tucano ressaltou que a confusão foi gerada por um erro do próprio Executivo. De acordo com o parlamentar, os responsáveis precisam ser punidos. “O governo tem que esclarecer tudo. A começar pela fala da presidente Dilma de se tratar de um ato criminoso. Se o ato é criminoso e foi praticado por membros do seu governo, o mínimo que ela deve fazer é demitir os responsáveis. “O governo quis atacar os outros e a oposição, mas na prática se vê que ele próprio criou esse problema”, declarou.

Na opinião de Azeredo, a história ainda está muito mal explicada.  “Aparentemente o governo quis ficar de fora do problema, dizer que não era da sua responsabilidade. Com o andamento das investigações ficou claro que é um problema interno do próprio governo. A presidente tem, portanto, todas as condições de agir. Esperamos que aja”, apontou.

O deputado afirmou que a ministra de Direitos Humanos, Maria do Rosário, deve ser punida por ter acusado a oposição sobre a origem dos boatos. “A maneira irresponsável com que a ministra quis atacar a oposição também fica muito clara e ela também merece um tipo de punição por parte da presidente, já que ficou desmoralizada a sua agressão gratuita à oposição”, disse. O PSDB apresentou pedido de convocação da ministra.

Pelo Facebook, o deputado Antonio Imbassahy (BA) também cobrou apuração do fato. “Não é rotineiro e fácil antecipar R$ 2 bilhões de uma hora para outra. Petistas, de forma leviana e irresponsável, acusaram a oposição e a presidente Dilma definiu o fato como criminoso. Agora, a Polícia Federal tem que apurar se a mudança promovida pela CEF sem comunicado prévio foi a causa do boato”, apontou.

(Reportagem: Alessandra Galvão/ Foto: José Cruz/ABr/ Áudio: Elyvio Blower)