Negócio nebuloso


Presidente da Petrobras não convence deputados sobre compra de refinaria nos EUA

Os parlamentares do PSDB que participaram de audiência com a presidente da Petrobras, Graça Foster, nesta quarta-feira (22) não se convenceram diante dos bons números apresentados pela executiva, menos ainda sobre a compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA). Comprada em 2006 por mais de US$ 1 bilhão, a refinaria havia sido adquirida um ano antes por uma companhia belga por menos de US$ 50 milhões. 

O líder da minoria no Congresso, deputado Antonio Imbassahy (BA), um dos autores de requerimento, afirmou que apesar do esforço em apresentar dados positivos, a presidente não convenceu. Ele destacou que desde o início do governo petista a estatal tem sofrido com resultados negativos.

Play

“A aquisição dessa refinaria foi inacreditável e injustificável. Algo que se caracteriza como um escândalo internacional. A presidente tentou explicar, mas não trouxe convencimento para ninguém. É dinheiro público jogado pelo ralo e até com indícios de crime”, apontou.

O tucano questionou Foster sobre o posicionamento do Conselho Administrativo da Petrobras à época da compra, mas não obteve resposta. “Seria desconfortável para ela dizer que a presidente do conselho, que era a presidente Dilma, foi quem negociou e aprovou algo tão lesivo aos interesses do país”, disse.

Durante a reunião realizada por quatro comissões da Câmara, Graça Foster admitiu que não fecharia o negócio caso pudesse prever que os Estados Unidos passariam por crise logo após a compra. Apesar de não conseguir explicar a supervalorização da refinaria entre a compra pela empresa belga e a aquisição pela Petrobras, Foster descartou a hipótese de revenda e disse que a estatal brasileira deverá lucrar com a unidade nos próximos anos.

Na opinião dos parlamentares, a Petrobras não conseguiria vender a refinaria sequer pela metade do valor pago. “A oferta recebida certamente foi muito aquém daquilo que a Petrobras pagou. Essa refinaria pode valer no máximo 20% do que se pagou por ela. Ou seja, houve sim um prejuízo enorme”, destacou Imbassahy. “Ela não quer vender por uma razão muito simples: se for vender agora vai ficar configurado o tremendo prejuízo que o país teve. Essa é a verdade”, reforçou Otavio Leite (RJ).

O parlamentar do Rio de Janeiro questionou Foster sobre a morosidade na construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). As refinarias seriam parte da solução para a importação de gasolina. “As obras estão completamente atrasadas. Os equipamentos foram comprados, mas não chegam devido à rodovia, que não permite o acesso. Fiz uma série de indagações sobre os números efetivos do cronograma físico e financeiro, sobre o que é proposto e o que de fato é executado e a conclusão é que a Petrobras tem deixando muito a desejar”, lamentou.

Duarte Nogueira (SP) afirmou que torce para que a presidente consiga consertar os erros da gestão anterior. “A Petrobras não pode ser tratada com viés ideológico atrasado, como em anos anteriores. Ela deveria ser mais bem tratada para o bem dos brasileiros e de seus acionistas”. De acordo com o tucano, houve omissão em relação ao declínio da produção, e a autossuficiência serviu apenas para marketing eleitoral.

O tucano lembrou que, no ano passado, a estatal lucrou 36% a menos, o pior desempenho desde 2004, e teve a primeira queda de produção dos últimos oito anos, além de perder 40% do valor. “Parece surreal que uma petroleira tenha sido tão desvalorizada mesmo com toda a expectativa criada com o pré-sal”, pontuou. Segundo ele, a condução da estatal por José Gabrielli, antecessor de Graça Foster, foi marcada por equívocos, como a decisão de não dar manutenção nas plataformas para manter o ritmo de crescimento. “Uma decisão errada do ponto de vista da governança corporativa”, disse.

O deputado Carlos Roberto (SP) defendeu a criação de uma CPI para investigar a estatal e outras empresas. Ele criticou propagandas da empresa que anunciam investimentos de US$ 236 bilhões em quatro anos. “Isso é tudo propaganda do governo para iludir a população de que está tudo lindo e maravilhoso?”, questionou. Por sua vez, Luiz Fernando Machado (SP) pediu que a presidente encaminhasse relatório sobre todos os vazamentos marinhos desde 2012 e demonstrou preocupação com o aumento de derivados como diesel e gasolina, que nos últimos 12 meses subiram cerca de 22% e 15%, respectivamente.

Antonio Imbassahy diz que a compra da refinaria Pasadena é injustificável from PSDB na Câmara on Vimeo.

 

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower/ Vídeo: Hélio Ricardo)

Compartilhe:
22 maio, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *