Palpites

Tucanos questionam presidente do Banco Central sobre controle falho da inflação

Em audiência com o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, os deputados Vaz de Lima (SP) e Marcus Pestana (MG) questionaram a constante alta da inflação. Segundo os tucanos, quem sai prejudicado é cidadão mais pobre que sofre com a evolução dos preços. Ao contrário do que os números dizem, Tombini afirmou que a inflação está e continuará sob controle.

Para Vaz de Lima, o Banco Central deixou de trabalhar com projeções e passou a ter palpites sobre o processo inflacionário. “Para mim, o BC não tem hoje nada mais do que palpite. Nada do que é falado se configura. Trabalha-se com uma meta muito aberta. Poder ser 4,5%, pode ser 6,5% ou 7% também. Fugiu um pouco do controle, assim com o PIB”, afirmou.

Quanto ao Produto Interno Bruto (PIB), Vaz de Lima ressaltou que, de acordo com os dados apresentados pelo presidente do banco, 2013 caminha para um resultado baixo, como em 2012. “O Brasil trabalha com expectativa de 3,1%, segundo o presidente do Banco Central. Segundo o mercado, é de 2,9% e acho que vamos repetir o pibinho do ano passado”, protestou.

Para Marcus Pestana, o controle da inflação continua sendo um grande problema para o BC. De acordo com ele, o nível elevado da inflação no governo do PT pesa sobretudo no bolso do trabalhador de baixa renda. “A inflação está batendo na trave do regime de metas. Temos uma inflação superior a 6% ao ano e, para a população mais pobre, uma inflação de alimentos em torno de 14%. O calcanhar de Aquiles está no plano fiscal”, contestou. Tombini confirmou durante a audiência que o preço dos alimentos contribuiu para a manutenção da inflação em alta.

Pestana disse que o presidente do BC não deve estar nada contente com a decisão da presidente Dilma de atribuir ao Banco do Brasil a responsabilidade de construir aeroportos. Segundo o tucano, essa não é a função da instituição bancária. “O Banco Central é o xerife do sistema financeiro e eu perguntei ao presidente, mas ele parecia não estar informado sobre esse dispositivo. Mas certamente não o agrada, como xerife do sistema financeiro, um desvio de função tremendo desse”, afirmou.

A audiência foi realizada em conjunto pelas Comissões Mista de Orçamento; de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio; de Finanças e Tributação; de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara; e pelas comissões de Assuntos Econômicos; e Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle do Senado. Vaz de Lima e Pestana disseram que, graças à Lei de Responsabilidade Fiscal instituída no governo Fernando Henrique Cardoso, o presidente do BC é obrigado a prestar contas ao Congresso a cada semestre.

(Reportagem: Artur Filho/ Foto: Lucio Bernardo Jr. / Câmara dos Deputados/ Áudio: Hélio Ricardo)