Fim da miséria?
Postura opressora do PT não libertará brasileiros da pobreza, alerta Otavio Leite
Considerada uma das maiores promessas da presidente Dilma Rousseff durante a campanha, a erradicação da miséria está muito longe de se tornar realidade. Esse foi um dos temas tratados durante a Convenção Nacional do PSDB, realizada no último sábado (18). Ao contrário do que o PT divulga, o fim da pobreza ficou marcado pela propaganda.
Sem corrigir desde 2011 o corte de R$ 70 para considerar alguém miserável, o governo esconde 22 milhões de miseráveis, conforme mostrou o jornal “Folha de S. Paulo”. Muitos deles vivem em áreas sem condições adequadas de saneamento, setor em que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) também não consegue deslanchar. Estudo do Instituto Trata Brasil revela que 89 das 138 obras em grandes cidades estão paradas, atrasadas ou nem começaram.
Na visão do deputado Otavio Leite (RJ), o cenário desolador é resultado da postura opressora do PT. Segundo o tucano, grande parte da população brasileira ainda vive em um jogo opressor do Estado, ou seja, da dependência. Enquanto o governo não criar condições para os menos favorecidos, o deputado acredita que o quadro continuará o mesmo.
“O Bolsa Família se desenvolveu, mas é preciso, acompanhado a esse benefício, criar condições efetivas para essas pessoas. Não só oferecer o peixe, mas ensinar a pescar. As pessoas precisam de oportunidades para alcançar um nível de consumo maior pelo seu trabalho”, avaliou Leite nesta segunda-feira (20).
De acordo com o deputado, o PT se contenta em administrar a pobreza, quando deveria dar à população autonomia para crescer. “É preciso libertar os brasileiros para que eles tenham um futuro melhor. Para isso, é necessário investir em educação e em desenvolvimento econômico”, defendeu.
Durante a Convenção, o senador Aécio Neves (MG) alertou não ser possível vencer a miséria com marketing e propaganda oficial. “Como é possível falar no fim da miséria quando milhões e milhões de brasileiros não ganham sequer um salário mínimo? Quando milhões de brasileiros não conseguem estudar?”, questionou o novo presidente do partido.
“Criamos os primeiros programas de transferência de renda e defendemos a manutenção desta política social. Mas queremos mais. O PSDB defende um governo que não se limite apenas à gestão diária da pobreza, mas crie condições efetivas para a sua superação”, acrescentou.
Conforme lembrou Aécio, no Brasil, quase 4 milhões de crianças e adolescentes ainda estão fora da escola. “O que acontece com a educação infantil ilustra o descompasso entre o que se promete nos palanques e a realidade. A presidente prometeu construir 6 mil creches, mas o governo admite ter entregue até hoje apenas 612”, completou.
A frase:
“O PT deveria realizar as tão necessárias obras de infraestrutura para as pessoas viverem em ambientes melhores. É preciso priorizar as áreas mais populares. Sem desenvolvimento econômico e educação não há saída para um Brasil mais justo e igual”.
Deputado Otavio Leite (RJ)
Linha de miséria
→ O número de miseráveis reconhecidos em cadastro pelo governo subiria de zero para ao menos 22,3 milhões caso a renda usada oficialmente para definir a indigência fosse corrigida pela inflação. É o que revelam dados produzidos pelo Ministério do Desenvolvimento Social, a pedido da Folha, com base no Cadastro Único, que reúne informações de mais de 71 milhões de beneficiários de programas sociais. Desde ao menos junho de 2011 o governo usa o valor de R$ 70 como "linha de miséria" – ganho mensal per capita abaixo do qual a pessoa é considerada extremamente pobre.
→ Corrigidos, os R$ 70 de junho de 2011 equivalem a R$ 77,56 hoje. No Cadastro Único, 22,3 milhões de pessoas, mesmo somando seus ganhos pessoais e as transferências do Estado (como o Bolsa Família), têm menos do que esse valor à disposição a cada mês, calculou o governo após pedido da Folha por meio da Lei de Acesso à Informação.
(Reportagem: Letícia Bogéa/ Fotos: Valter Campanato/ABr/ Áudio: Hélio Ricardo)
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