Cidadania pra quê?


 

Em seu fantasioso programa na TV, PT trata brasileiros como meros consumidores

O PT veiculou ontem mais uma peça de ficção em cadeia nacional de rádio e TV. “Seu programa partidário faz uso das mistificações de sempre, apresenta um país muito diferente do real, sugere que o Brasil inexistia até 2003 e ignora que aqui vivam cidadãos”, reprova a Carta de Formulação e Mobilização Política desta sexta-feira (10). Para o Partido dos Trabalhadores, os brasileiros agora são meros consumidores. “Como agradar consumidores é sempre mais fácil do que enfrentar cidadãos, conquistas e direitos da cidadania parecem não interessar mais ao PT”, lamenta o documento editado pelo Instituto Teotonio Vilela. Confira a íntegra:

O PT veiculou ontem mais uma peça de ficção em cadeia nacional de rádio e TV. O programa partidário dos mensaleiros faz uso das mistificações de sempre, apresenta um país muito diferente do real, sugere que o Brasil inexistia até 2003 e ignora que aqui vivam cidadãos. Para o PT, somos todos agora meros consumidores.

Em seus dez minutos de duração, o programa é um ato de campanha eleitoral. Mais uma vez, vincula umbilicalmente a atual presidente a seu antecessor, talvez para não ter que enfrentar a dura constatação de que, passados quase dois anos e meio, o governo de Dilma Rousseff praticamente inexiste.

Quando apresenta realizações, o PT ou apropria-se de feitos alheios ou, muitas vezes, lança mão de informações gelatinosas. Como, por exemplo, quando fala do número de empregos gerados nos últimos dez anos: foram muitos, é verdade, mas nenhuma estatística oficial disponível no Ministério do Trabalho chancela os mais de 19 milhões de vagas que o partido apregoa ter criado. A diferença se conta na casa dos milhões.

Os petistas também falam em 41 mil bolsas concedidas a estudantes por meio do Ciência sem Fronteiras, repetindo o mesmo número que Dilma usara em pronunciamento à nação em 1° de maio. Recentemente, porém, a Folha de S.Paulo mostrou que as estatísticas estão inchadas por bolsistas que nada têm a ver com o programa e o total de beneficiários não chega nem à metade do que o governo diz.

Na seção das mistificações, há as de sempre. Dilma apresentada como quem está “moralizando o serviço público” talvez seja a mais risível delas – desta vez, pelo menos, nos pouparam de vê-la posando na TV como “gerente eficiente”… Mas há também a falácia de que o governo petista está “combatendo a inflação de forma implacável”, vocalizada pelo insuspeito Guido Mantega.

Não faltaram também as promessas de que, agora, enfim, virão as melhorias na nossa caquética infraestrutura: milhares de quilômetros de rodovias e de ferrovias, novos portos, usinas e linhas de transmissão. A julgar pela vacilação em torno da definição das regras de concessão, num eterno jogo de tentativa e erro, e da total incapacidade de arbitrar as mudanças no marco legal do setor portuário, é melhor esperarmos sentados…

Mas um dos aspectos mais evidentes da propaganda, e que também tem marcado os posicionamentos petistas nos últimos tempos, é a redução dos cidadãos brasileiros à condição de simples consumidores. Ontem, o PT se apresentou como o partido que “ajudou o brasileiro a consumir mais e melhor”, “valorizou o consumidor” e transformou shoppings em “direito de todos”. Valesse ainda o slogan do governo Lula, poderíamos dizer: Brasil, um país de consumidores.

É curioso que o partido que passou longos anos pregando as fracassadas ideias socialistas, hoje tente se caracterizar como a agremiação que abriu as portas do mercado de consumo para milhões de pessoas. Conquistas e direitos da cidadania parecem não interessar mais. Deve ser por que, como diz Rui Falcão no programa, eles “não se prenderam a velhos dogmas”…

O que realmente interessa para a melhoria das condições de vida da população é apresentado como um desafio futuro. Dar saúde, educação e segurança que prestem aos brasileiros seria a próxima etapa do venturoso projeto petista. “A questão básica agora é qualidade”, diz a presidente-candidata. Mas só agora, Dilma? Só onze anos depois de o PT subir ao poder? Com mais da metade de seu mandato perdido em torno do nada?

Por trás desta visão de mundo, parece estar também a forma pela qual o PT encara os brasileiros: “Boa parte da nossa população não está preparada para um mundo cada vez mais desenvolvido e altamente competitivo”, diz Dilma. Será que os governos petistas não tiveram tempo suficiente para mudar isso? Ou será que a opção foi deixar tudo como está?

Por tudo o que se viu ontem na TV, os petistas demonstram preferir que assim os brasileiros permaneçam, a fim de que continuem a ser usados como massa de manobra de suas políticas nada emancipatórias, seu discurso mentiroso e sua maneira torpe de retratar a realidade do país. Agradar consumidores é sempre mais fácil do que enfrentar cidadãos.

(Fonte: ITV/ Imagem: reprodução)

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10 maio, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

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