Impasse territorial


Prefeito de Pompéu relata demarcação de terras consolidadas há séculos por famílias locais

O prefeito de Pompéu (MG), Joaquim Campos Reis, e uma caravana de cerca de 30 representantes das famílias de produtores rurais do município estiveram na Câmara e acompanharam o debate entre os deputados e a ministra Gleisi Hoffmann sobre a demarcação de terras indígenas. Em entrevista ao Diário Tucano, Reis explicou a forma como foi feita a demarcação das terras indígenas na região.

“Não há índios em Pompéu. Uma antropóloga contratada pela Funai já havia feito uma laudo comprovando isso. Posteriormente, outra profissional, ligada à causa indígena, produziu documento com conclusão diferente. Levaram pessoas do município para uma verdadeira aldeia no estado para treinarem como viver como índios. Os produtores não vão aceitar essa demarcação diante de tudo isso”, relatou.

Reis se diz a favor da destinação de terras a índios verdadeiros, mas afirma que em sua região nunca houve nenhum remanescente indígena. O prefeito é contrário à atuação da Funai como órgão responsável por determinar demarcações. “Muitas pessoas que se intitulam índios na verdade não são. Mas ainda creio que o governo possa solucionar. É um dos casos mais emblemáticos do país. No início chegamos até a pensar que fosse brincadeira, mas se tornou algo sério e as pessoas não podem ficar sem suas terras, suas moradias”, disse.

Morador da região, Crisipo Valadares disse que seu bisavô faleceu em 1957 aos 87 anos e estava estabelecido na terra desde os 19. “Ou seja, são mais de 120 anos e essa área já era dos antepassados dele”, afirmou. Segundo ele, todas as propriedades da região são antigas, de pelo menos três séculos atrás, o que comprova que não havia comunidades indígenas por lá.

“O que estão fazendo hoje vai na contramão da história. Antes o país promovia políticas para integrar o índio à sociedade. Agora pegam pessoas das mais diferentes origens, desde empresários de olhos azuis a trabalhadores rurais e os transformam em falsos índios. É uma situação absurda e agora corremos o risco de perder uma terra que conquistamos e mantemos com muito trabalho, na base da enxada”.

O caso da cidade de Pompéu foi relatado à ministra Gleisi Hoffmann pelos deputados Carlos Sampaio (SP), líder do PSDB, e Domingos Sávio (MG). A ministra disse que irá estudar uma solução para o impasse na região. “Pompeu e Martinho Campos faziam parte de Pitangui, sétima vila mineira. Ou seja, são regiões consolidadas há séculos. Agora, de maneira fraudulenta, a Funai determina a demarcação dessas terras para índios que nunca habitaram a região, confiscando a terra de produtores rurais”, criticou Sávio.

-> A demarcação das terras indígenas na região das cidades de Pompéu e Martinho Campo é do dia 26 de março. Os moradores da região têm 90 dias para recorrer. O apelo da população local é para que o governo revogue a determinação.

(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)

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8 maio, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

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