Até quando?

Em comissão geral, Gomes de Matos exige providências urgentes no combate à seca do Nordeste

Em comissão geral sobre os efeitos da seca no Nordeste, o deputado Raimundo Gomes de Matos (CE) exigiu que o governo federal adote medidas concretas no combate à estiagem, que já atinge 90% da região do semiárido. O tucano é um dos autores do pedido do debate, que reuniu parlamentares no plenário da Câmara para buscar soluções.

O deputado defendeu a convocação do ministro da Fazenda, Guido Mantega, para falar sobre a política de combate à estiagem e as dívidas dos produtores rurais. De acordo com Gomes de Matos, é preciso discutir como estão sendo aplicados os recursos dos fundos constitucionais.

Presente no debate, o representante do Banco do Nordeste, Stelio Gama Junior, garantiu que basta o produtor assinar o terno de adesão à renegociação da dívida que todas as cobranças são suspensas. Já o representante do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Valter Bianchini, ressaltou que a pasta tem R$ 9 bilhões em recursos para combater os problemas da região.

O ministro da Integração, Fernando Bezerra, integrantes das federações e representantes dos municípios também participaram do encontro. Gomes de Matos sugeriu uma articulação com o Executivo federal para chegar a uma decisão concreta em relação à seca, que vem matando animais e prejudicando agricultores.

“Não se pode justificar, como fez a presidente Dilma Rousseff, dizendo que foi pega de surpresa. É inadmissível”, disse. O deputado assegura que as autoridades não podem alegar surpresa com o problema. Segundo lembrou Gomes de Matos, em reunião na Comissão de Agricultura ano passado, meteorologistas anunciaram que choveria 40% menos na região neste ano. “E a burocracia não levou com seriedade  essa problemática”, lamentou.

Segundo o tucano, em 2012 secretários de estado mandaram vários documentos para o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, informando a real situação dos nordestinos. Eles descreveram a qualidade da água distribuída pelos carros-pipa. “Não há integração dos ministérios para que possamos equacionar esse problema”, disse.

Gomes de Matos espera que, a partir do debate, o governo se posicione com ações efetivas para mudar a triste realidade da população local. “Acredito que é possível resolver a situação. Precisamos dos programas sociais, mas, além disso, precisamos garantir a estabilidade na área econômica. O Nordeste tem que sobreviver e garantir o potencial no fortalecimento econômico do país”, concluiu.

Para o deputado Ruy Carneiro (PB), que participou da comissão geral, falta uma resposta eficiente do governo federal. "É muita conversa é pouca ação. Precisamos de uma política de Estado que permaneça independentemente de partidos políticos que eventualmente comandam o país. O que o Nordeste precisa é de atenção e planejamento para lidar com um fenômeno que acontece anualmente”, reforçou. Ele cobrou agilidade nas obras de transposição do rio São Francisco, afetada por seguidos atrasos.

O presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), disse que até junho pretende colocar em votação propostas para a solução dos problemas. “Essa comissão tem de ter consequências. Vamos mostrar ao povo brasileiro que o debate valeu a pena”, disse.

(Reportagem: Letícia Bogéa com informações da Ag. Câmara/ Fotos: Laycer Tomaz / Câmara dos Deputados/ Áudio: Elyvio Blower)