Equilíbrio econômico


Maquiagem nas contas do governo omite falta de investimento, criticam tucanos

Os investimentos são fundamentais para o desenvolvimento de um país. Eles são alguns dos principais elementos para combater a inflação, especialmente quando aliados à redução dos gastos de custeio. Mas não parece ser essa a solução encontrada pelo o governo federal para manter o equilíbrio econômico e promover o crescimento nacional. Os deputados Izalci (DF) e Eduardo Azeredo (MG) afirmaram nesta sexta-feira (3) que o método de recorrer à maquiagem das contas públicas para propagar falsos investimentos é absurda e prejudicial ao país.

Em reportagem, o jornal “Correio Braziliense” mostrou que o Planalto tem recorrido à prática de inscrever gastos de custeio como se fossem investimentos. A distorção acontece das mais variadas formas. Desde a aquisição de cortinas, persianas, cadeiras para escritórios, até o aluguel de salas e compra de instrumentos musicais, tudo aparece como aplicações nos órgãos federais. Mesmo com essa maquiagem contábil, no primeiro trimestre desse ano, as despesas com o custeio da máquina aumentaram 15%, enquanto o investimento cresceu 7%.

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“É mais um escândalo desse governo. Escândalo da manipulação de informação e demonstração da falta de compromisso com a realidade”, apontou Azeredo. “O governo fala uma coisa e faz outra e para tentar convencer de que está investindo usa as despesas do dia a dia mascarando o que realmente acontece. Esse governo gosta de gastar é no custeio da máquina, no pouco cuidado com o custo administrativo e fica iludindo as pessoas em relação àquilo que mais precisam: os investimentos”, critica.

O tucano afirma que a gestão de Dilma Rousseff deveria estar preocupada em fazer funcionar os seus projetos de infraestrutura, como o PAC, solucionar os problemas ligados à energia, dentre tantos outros problemas.

“Em qualquer escola de economia se sabe que o excesso de gastos não é compatível com o controle da inflação e o que o governo tem feito é gastar muito, indo contra a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e ameaçando a estabilidade econômica”, critica.

José Roberto Afonso, especialista em finanças públicas e um dos criadores da LRF afirmou ao Correio que investimento público é o gasto do governo que leva a uma expansão da produtividade. “Se um hospital caiu por conta de uma chuva, por exemplo, a reconstrução do prédio é investimento, mas o dinheiro usado para pagar aluguel aos desabrigados, não. É subsídio", explicou.

Mas, na prática, não é nada disso que acontece. De acordo com a apuração feita pelo jornal, há casos de compra de guarda-roupas, roupeiros de aço e utensílios domésticos lançados como investimentos pelo governo. O Ministério da Ciência e Tecnologia, por exemplo, lança nessa rubrica alugueis de salas, compra de microfones e aquisição de aparelhos de ar-condicionado.

“Para o país se desenvolver, tem que melhorar o nível de investimento. Não dá para apenas consumir os recursos em custeio. Mede-se a capacidade de desenvolvimento pelo percentual do PIB investido na economia. O governo se utiliza desse mecanismo da contabilidade para tentar enganar as pessoas, inclusive diminuir a credibilidade do país”, afirmou o deputado Izalci durante discurso na Câmara.

O parlamentar defende aperfeiçoamentos em relação à contabilidade pública no Brasil. “O governo tem utilizado a contabilidade criativa para manipular os resultados dos balanços, principalmente das estatais. E está aqui a denúncia do Correio Braziliense de mais uma manipulação com relação à questão dos investimentos”, aponta. Izalci cobra dos ministros da Fazenda e do Planejamento que encaminhem à Casa proposta para adequar, modernizar e tornar mais transparentes as contas públicas.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)

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3 maio, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

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