Deterioração


Desequilíbrio das contas do governo gera instabilidade na economia, alerta Mendes Thame

Arrecadação menor, gastos com custeio superiores aos investimentos e superávit primário abaixo da meta do governo federal. O cenário demonstra que as contas públicas estão passando por um período de deterioração. Na avaliação do deputado Antonio Carlos Mendes Thame (SP), há um desequilíbrio entre a receita e as despesas da União. A combinação é ruim e perigosa para a economia. De acordo com o tucano, a fome de gastar do governo é cada vez maior e mais insanável.

“O Brasil está acumulando uma dívida interna de mais de R$ 1 trilhão, algo que nunca ocorreu no país. Isso poderia ser plenamente resolvível se tivéssemos uma contenção dos gastos de custeio. No entanto, não é isso que vemos. O governo está gastando cada vez mais, de uma forma completamente atabalhoada, sem nenhum controle”, declarou nesta terça-feira (30).

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A economia feita pelo governo federal para pagar os juros da dívida caiu 41% no primeiro trimestre deste ano. Enquanto a despesa com o custeio da máquina aumentou 15%, o investimento cresceu 7%. Ou seja, está gastando mais com o custeio do que com o investimento, quando deveria ser o oposto. Em março, a arrecadação teve uma queda de 9,3%. Em 12 meses, o superávit primário é menor do que a meta do governo. E o déficit nominal nos três primeiros meses foi de R$ 31,6 bilhões; no ano passado havia ficado em R$ 12,9 bi.

Mendes Thame demonstrou preocupação com a instabilidade financeira. Para o deputado, há um rombo na balança comercial nunca visto nos últimos 20 anos. “Isso pode significar um golpe mortal na economia brasileira se não conseguirmos atrair recursos externos para fechar esse buraco”, afirmou. 

O Ministério da Fazenda anunciou que a meta do superávit primário, a economia feita para pagamento de juros da dívida, fixada em R$ 108,9 bilhões, não será cumprida integralmente neste ano. De janeiro a março, o superávit foi de R$ 19,9 bilhões, ante R$ 33,8 bilhões no mesmo período de 2012. Em março, o saldo foi de apenas R$ 285,7 milhões, o pior resultado para o mês desde 2010.

Mendes Thame rechaçou o argumento oficial de que a dívida pública está em um patamar considerado aceitável. “A somatória dos gastos em custeio com os gastos em investimentos deve caber dentro do arrecadado. É evidente que haja um equilíbrio entre receita e gastos para que a gente possa ter um superávit primário para pagar parte dos juros e com isso gerar uma expectativa positiva para os credores”, explicou.

Números ruins

→ O superávit primário, a arrecadação federal e o investimento tiveram queda, enquanto o déficit nominal e os gastos de custeio aumentaram.

→ De janeiro a março, as despesas com o custeio da máquina pública e programas sociais aumentaram 15,5%, para R$ 59,3 bilhões. Já os investimentos cresceram menos da metade, 7%.

→ “Esses dados todos oferecem um quadro cuja perspectiva aconselha maior parcimônia na distribuição de benesses eleitoreiras às empresas, aos Estados e municípios, às pessoas físicas, em termos de créditos e salários, e maior empenho em investimentos, que permitam a retomada da atividade industrial”, diz trecho do editorial do jornal “O Estado de S.Paulo”.

(Reportagem: Alessandra Galvão/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)

 
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30 abril, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

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