Verdadeiro retrocesso


Azeredo defende contenção de gastos e investimento em infraestrutura como caminhos para recuperar economia

O deputado Eduardo Azeredo (MG) traçou um panorama dos problemas nacionais nesta segunda-feira (29) durante pronunciamento no plenário da Câmara. O tucano afirmou que o governo petista tem colocado em risco a estabilidade econômica conquistada com o Plano Real. Ele aponta os investimentos em infraestrutura e a contenção de gastos como principais caminhos a serem adotados para colocar a economia nos eixos e impedir que os brasileiros continuem a sentir efeitos da má administração, como a alta da inflação.

“Temos visto um verdadeiro retrocesso: a volta perigosa da inflação e o consequente risco de perda da estabilidade econômica e das conquistas sociais destas duas últimas décadas”, alertou o parlamentar.

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O tucano destacou a alta dos preços como um dos principais sinais de que algo não vai bem com a economia. Apesar da desoneração da cesta básica, ele lembra que os produtos que a compõem ficaram em média 3% mais caros no último mês em 16 capitais brasileiras, segundo o Dieese. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou inflação de 0,47%. Assim, o acumulado em 12 meses chegou a 6,59% e superou o teto da meta de inflação estipulada pelo governo, que é 6,5%.

“No momento em que mais precisa sinalizar responsabilidade, o governo faz exatamente o contrário: afrouxa o cerco aos gastos públicos, propondo redução de metas fiscais em até 70%”, criticou Azeredo, ao afirmar que a proposta de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) abre brechas para redução do superávit primário para 0,9% do PIB, quando a meta oficial é de 3,1%.

Conforme destaca, o governo federal não precisará compensar o esforço que estados e municípios fazem para compor o superávit global. Só essa mudança, que pode valer já para o Orçamento deste ano, implicará em mais R$ 47,8 bilhões que poderão ser utilizados até dezembro. Esse valor será somado aos já previstos R$ 65 bilhões a menos no superávit, porque também poderão ser abatidos os investimentos feitos em obras e ações do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC.

“Sem a responsabilidade fiscal, o governo reduz ainda mais as alternativas para o combate à inflação, restando apenas o indesejável aumento da taxa de juros para tentar conter a demanda”, lamenta. Em abril, houve variação de 0,25 pontos. A alta deve se repetir nos próximos três meses.

Azeredo acredita que essa possibilidade de mais gastos para o governo deverá servir apenas para criação de cargos, novas estatais e até mesmo de estruturas ministeriais. Ações que se tornaram marcas do governo do PT e apenas incham a máquina pública, indo na contramão daquilo que seria ideal para manter a economia sob controle. “Enquanto isso, os investimentos públicos em infraestrutura estão cada vez mais escassos, com os gargalos se acumulando por todo o país”, aponta.  

O deputado cita exemplos do descaso do Planalto com a infraestrutura nacional. Entre eles, o abandono das obras de transposição do rio São Francisco, a morosidade na construção das ferrovias Norte-Sul e Oeste-Leste. Além da não execução dos investimentos em áreas como o transporte público coletivo: dos R$ 3 bilhões previstos em dois anos, apenas R$ 1 bilhão foi executado.

Azeredo lembrou ainda que as estradas federais estão relegadas ao abandono, como a BR 381, em Minas Gerais, conhecida como rodovia da morte. O parlamentar lembra ainda que os aeroportos vivem perto do caos e que a modernização do setor elétrico também não é priorizada pelo Planalto. “Investimentos importantes em Ciência e Tecnologia e na área da Defesa, que poderiam ampliar nossas fronteiras comerciais, também foram contingenciados”, complementa.

“Há uma combinação perversa de baixo crescimento, alta da inflação, gastos públicos de má qualidade, alta dos juros e paralisia nos investimentos públicos em infraestrutura para eliminação de gargalos. Some-se a isto a nociva antecipação do processo sucessório feito a partir do lançamento da candidatura da presidente Dilma à reeleição”, apontou.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)

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29 abril, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

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