Cenário estarrecedor


Tucanos cobram do governo federal compromisso no combate à seca no Nordeste

Sobram exemplos da omissão do governo federal em relação à pior seca sofrida pelo nordestino em 50 anos. Lançado há dez anos, o programa 1 Milhão de Cisternas (P1MC) ainda não conseguiu atingir a meta, prevista para 2008. A obra da transposição do rio São Francisco, que também ajudaria a amenizar o problema, está quase parando. Enquanto isso, o acesso à água fica cada vez mais distante dos sertanejos.

De acordo com levantamento da Articulação do Semiárido (ASA), rede formada por organizações da sociedade civil que coordenam o projeto com apoio do governo federal, as cisternas somavam 419.178 até fevereiro deste ano, beneficiando cerca de 2,1 milhões de pessoas.  A informação é do jornal “O Globo”. Os deputados Carlos Brandão (MA) e Antonio Imbassahy (BA) demonstraram preocupação com o triste cenário e cobraram do governo federal mais compromisso com a população nordestina.

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“O dado é estarrecedor e fica comprovado que mais uma vez o governo petista não cumpre sua meta, como é o caso de outros programas lançados pela gestão. Fica cada vez mais difícil para essas pessoas, que tendem a migrar para as periferias da capital, aumentando o índice de criminalidade e prostituição”, ressaltou Brandão. O maior problema é a inconstância de repasses do governo federal.

O parlamentar cobra uma atitude mais séria do Planalto. De acordo com ele, não dá mais para enganar a população com promessas. “As pessoas estão vivendo uma situação miserável. Não dá mais para agir de má-fé com a população daquela região. Tem que prometer aquilo que realmente é capaz de cumprir”, afirmou.

Imbassahy acredita que essa é uma característica do PT: muitos anúncios e pouca realização. Segundo o tucano, o programa de construção de cisternas é apenas mais um exemplo. “O sentimento dos nordestinos é de desassistência, de falta de atenção com um quadro tão grave”, ressaltou.

Em 2011, o governo federal lançou iniciativa própria para acelerar a construção de cisternas: o programa Água Para Todos. Desde 2011, no entanto, dos R$ 2,9 bilhões previstos para serem gastos até 2014, apenas 28% foram investidos e 270 mil reservatórios de água entregues. Mesmo assim, o Ministério da Integração Nacional afirma que, até o fim do mandato da presidente, entregará 750 mil equipamentos.

Além de sofrer com atrasos, a má qualidade das cisternas também é um problema. Moradores de Cumaru (PE) rejeitaram os produtos comprados pelo governo. Na última visita da presidente Dilma a Pernambuco, o presidente da Federação de Trabalhadores de Agricultura, Doriel Saturnino de Barros, reclamou das cisternas industrializadas distribuídas, feitas de plástico.

“A partir da leitura deles (do governo), a de plástico é implantada com maior rapidez. Mas também é mais cara e não está suportando o solo quente do sertão, tanto que muitas já estão amassando”, disse Barros. “O governo não conhece o problema. Anuncia o projeto, não realiza e a qualidade ainda é duvidosa”, completou Imbassahy.

A frase:

“Fico decepcionado com muitas promessas que foram feitas pelo governo federal com relação a investimentos para combater o problema e até agora nada sai do papel. Com relação às cisternas, a meta do governo era implantar 1 milhão e essa meta terminaria em 2008. Já estamos em 2013 e não se alcançou o objetivo. É mais uma promessa descumprida”
Deputado Carlos Brandão (MA)

 (Reportagem: Letícia Bogéa/ Fotos: Agência Brasil/ Áudio: Elyvio Blower)

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15 abril, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

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