Investigação necessária

A Procuradoria da República no Distrito Federal pediu à Polícia Federal a abertura de inquérito para investigar denúncias feitas pelo operador do mensalão, Marcos Valério, contra o ex-presidente Lula e o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci. A solicitação foi recebida oficialmente nesta segunda-feira (8), e as averiguações começarão nos próximos dias. Para o deputado Dudimar Paxiúba (PA), essa é uma nova possibilidade para se investigar e punir o verdadeiro mentor do esquema. Em sua avaliação, novas investigações podem revelar a participação fundamental de Lula no maior caso de corrupção da história recente do país.

 

“Acreditar que ele não participou do mensalão e não foi o principal executor de tudo é brincar com a inteligência do povo brasileiro”, afirmou o parlamentar. Para o tucano, a participação do ex-presidente e de Palocci, é nítida. “É inadmissível que se pense o contrário”, reforçou. 

 

Desde que o esquema de compra de voto de parlamentares no Congresso veio à tona, em 2005, Lula negou sua existência. Mais tarde chegou a pedir desculpas ao povo brasileiro. Em outro momento afirmou que tais práticas ocorreram em todo o mundo e o caso envolvendo o PT era apenas mais um. Sempre buscando se esquivar das acusações e dizendo não ter conhecimento de nada, o ex-presidente se contradisse e voltou a negar o esquema. 

 

A investigação solicitada pelo Ministério Público no DF tem por base acusações feitas por Marcos Valério, condenado a mais de 40 anos de cadeia pelo STF. Após analisar depoimento dado pelo operador do mensalão ao MP seis meses atrás, os promotores decidiram abrir seis procedimentos criminais. Um deles foi transformado em inquérito. É a primeira vez que será apurada a atuação do Lula no mensalão.

 

Segundo Valério, Lula teria, de dentro do Planalto, negociado um repasse de  US$ 7 milhões da Portugal Telecom para o PT, por meio de contas bancárias no exterior. A falcatrua teria ainda a participação de Palocci, seu braço direito à época. Além disso, Valério teria dito que Lula não apenas sabia de todo o esquema de compra de apoio parlamentar por meio de desvio de recursos públicos, como também teve despesas pessoais pagas com o dinheiro sujo do valerioduto.

 

Na opinião de Paxiuba, o julgamento do caso pelo Supremo , deixou de fora, a principal figura do esquema e, por isso, o pedido de abertura de inquérito é um passo importante em relação ao ex-presidente. “É mais uma oportunidade dada para a Justiça, caso esse inquérito avance, no sentido de que o Ministério Público ofereça denúncia ao Supremo, com o embasamento necessário. A esperança existe e como diz o jargão popular: é a última que morre. Vamos esperar para que haja o aditamento de novas denúncias”, afirmou o tucano.

 

Condenação de réus precisa ser concretizada

 

Está prevista ainda para esta semana, a publicação do acórdão do julgamento do mensalão, que terminou com 25 condenados e 12 absolvidos. O documento resume as principais decisões tomadas pelos ministros do Supremo e é fundamental para que as penas sejam executadas. Somente a partir dele começa a contar o prazo de cinco dias para a apresentação de recursos.

 

Pelo regimento do STF, o prazo para publicação do acórdão – de 60 dias, desconsiderando o recesso – terminou na última segunda (1º). O tribunal aguarda apenas a liberação do voto de Celso de Mello para publicar o documento. O atraso do acórdão não traz prejuízos ao processo, mas quanto mais tempo demorar para o documento ser publicado, mais tempo levará para sua conclusão.

 

No caso do mensalão, o Supremo decidiu que os condenados só poderão ser presos após o trânsito em julgado da ação, quando não couber mais nenhum recurso.  “A sociedade clama por uma urgência na finalidade desse processo, pois se fossem brasileiros comuns, eles já estariam atrás das grades”, destaca Dudimar Paxiúba, ao ressaltar, que as prisões só poderão ocorrer depois do finalização do processo.