Infraestrutura precária


Concessões atrasadas e obras paradas confirmam incapacidade gerencial petista

Incompetência, má gestão e promessas descumpridas definem o governo liderado pela presidente Dilma Rousseff. A demora em lançar os editais do propagandeado pacote de concessões e as obras paralisadas do aeroporto de Goiânia são exemplos de ineficiência, com danos incalculáveis aos brasileiros. O atraso só confirma a incapacidade gerencial da gestão petista, na visão dos deputados Walter Feldman (SP) e Raimundo Gomes de Matos (CE). Este é um governo que comete um duplo pecado: não sabe privatizar e nem tocar as obras sob sua responsabilidade.

Reportagem do jornal “Folha de S. Paulo” mostra que o pacote de concessões do governo Dilma não acrescentará um real ao crescimento do país neste ano. Com os atrasos nos lançamentos dos editais, é praticamente impossível que alguma obra comece em 2013. Já o jornal “Valor Econômico” revela que obras paradas batem recorde em aeroportos. É o caso do terminal de Goiânia, cuja obra está parada há 2.174 dias.
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Segundo lembrou Feldman, o Partido dos Trabalhadores está há uma década no poder, e, mesmo com todo esse tempo, ainda não aprendeu a comandar o país. “Só sabe agir contra o interesse nacional”, reprovou nesta segunda-feira (8).
 
De acordo com o parlamentar, mesmo após todos esses anos o PT não teve capacidade de criar mecanismos de gestão e gerenciar projetos que permitissem que as licitações fossem feitas, e, em seguida, as obras saíssem do papel. “Nós, brasileiros, padecemos hoje por um governo que não faz aquilo que é adequado para o desenvolvimento do país”, apontou.
 
Ao ser questionado sobre o triste cenário, Feldman foi enfático: “É um governo que não sabe privatizar e nem tocar as obras estruturantes. Com isso, o país vai ficando para trás cada vez mais.” E concluiu definindo o caos instalado em “desordem do ponto de vista administrativo, o que prejudica o presente e futuro do Brasil.”
 
Gomes de Matos não demonstrou surpresa com o cenário caótico. Ele lembra que há anos o PSDB vem cobrando melhorias no setor e o que o atual governo só vem mostrando o desserviço com a população. Segundo o parlamentar, o país está estagnado, e, da forma como as coisas andam, continuará assim por muito tempo.
 
Na sua avaliação, há gargalos na área pela falta de visão administrativa. “O fato é que o Brasil a cada momento fica estagnado. O PT não dá sequências às obras estruturantes tão necessárias para o país. O Partido dos Trabalhadores demorou a admitir a necessidade da privatização. E agora, com esse atraso nas concessões, ficamos ainda mais distantes de vencermos esses gargalos”, ressaltou.
 
O pacote de concessões prevê gastos de R$ 85 bilhões em rodovias, ferrovias e aeroportos em cinco anos – uma despesa média anual de R$ 17 bilhões, o equivalente a 36% de todo o investimento pago pelo governo federal em 2012. Durante o lançamento do programa de rodovias e ferrovias, em agosto do ano passado, a presidente destacou a importância do pacote para o crescimento do país. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, foi ainda mais incisivo ao falar do papel do pacote para o crescimento. No entanto, tudo ficou na promessa.
 
A infraestrutura precária é, por exemplo, uma ameaça à safra recorde. Em seu artigo mensal publicado no domingo em jornais de grande circulação, o ex-presidente Fernando Henrique afirmou: “Ah, se tivéssemos preparado leilões bem feitos para as concorrências nas estradas, nos portos, nos aeroportos, e assim por diante, poderíamos ter evitado o desperdício de parte ‘da maior safra de grãos da história’ pelas péssimas condições de transporte e embarque dos produtos.”
 
A frase:
 
“O governo do PT demorou para aceitar as privatizações. Agora corre atrás do prejuízo e não consegue realizar aquilo que antigamente criticava.”
Deputado Walter Feldman (SP)
 
Investimentos em queda
 
→ O baixo investimento foi o principal fator para o fraco crescimento do PIB no biênio passado, segundo analistas. Mansueto Almeida, economista do Ipea, afirma que os investimentos (públicos e privados) caíram de um patamar de 20% do PIB em 2010 para menos de 18% em 2012. Já o investimento específico do governo federal recuou nos últimos dois anos, após chegar a 1,25% do PIB em 2010.
 
→ O que era para ser um novo aeroporto em Goiânia – praticamente três vezes maior que o atual – se transformou em mato. O que se vê, às margens da BR-153, uma das rodovias mais movimentadas do Centro-Oeste, é um esqueleto de concreto. A obra, que está parada há mais de 2 mil dias, se transformou em monumento à ineficiência estatal.
 
→ Desde abril de 2007, quatro presidentes da Infraero já tentaram, sem sucesso, retomar as obras na capital goiana, envolvidas em sequência de denúncias, brigas judiciais e promessas descumpridas. As obras no aeroporto de Vitória (ES) também estão emperradas.
 
→ De 2006 a 2012, a movimentação anual de passageiros subiu de 1,37 milhão para 3,07 milhões, tornando o gargalo ainda mais evidente.
 
(Reportagem: Letícia Bogéa/ Foto: Divulgação – Infraero/ Áudio: Elyvio Blower)
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8 abril, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

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