Obras a passos lentos

O deputado Carlos Brandão (MA) foi escolhido relator da subcomissão que vai  fiscalizar os recursos federais destinados ao combate à seca no Nordeste. O objetivo, segundo o tucano, é saber como o dinheiro está sendo aplicado, e, principalmente, acompanhar de perto o andamento das obras, pois, conforme destacou, esse é o maior problema.

 

O parlamentar quer informações sobre a transposição do rio São Francisco, promessa do governo petista desde a gestão do ex-presidente Lula, que resolveria o problema da seca, mas até hoje caminha a passos de tartaruga. “A subcomissão é de extrema importância no momento em que o nordestino está sofrendo com esse problema. Foi a pior seca dos últimos tempos. Vamos visitar, realizar audiências públicas e acompanhar as obras”, informou o relator.

As primeiras ações do colegiado serão a realização de três audiências públicas no Congresso. Serão convidados o ministro da agricultura, Antônio Andrade, representantes da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), o ministro da integração nacional, Fernando Bezerra, além de representantes do Banco do Nordeste.

 

Brandão lembrou o sofrimento vivido pelo nordestino a todo ano e criticou o governo do PT por adotar apenas medidas paliativas, o que, na sua visão, não resolve a questão. “Todo ano existe seca e uma série de problemas no Nordeste. É preciso resolver, não ficar dando esmola para o nordestino”, lamentou. Segundo lembrou, animais estão morrendo e muita gente já chegou até a abandonar suas terras por causa da estiagem.

 

O objetivo da transposição seria fornecer água para milhões de pessoas no sertão nordestino, mas o sertanejo ainda vai ter que esperar muito para ver a obra concluída. Além disso, o custo disparou. Começou em 2006 com R$ 4,7 bilhões e já chega a R$ 8,2 bilhões. Um aumento de 80%. O fato é que a seca vem maltratando a população daquela região e o atual governo não age para superar o problema. Ao contrário: faz promessas e mais promessas visando ganhar as eleições de 2014.

 

Diante do triste cenário, o deputado considera fundamental a instalação do colegiado, que vai, além de fiscalizar, propor medidas a médio e longo prazo para ajudar o povo daquela região. “É preciso ver de perto porque as obras aumentam de preço e não foram concluídas. O governo tem que olhar mais para o Nordeste. Os projetos existem, mas não andam, e, quando andam, são a passos muito lentos. Não podemos viver de ações emergenciais”, salientou.

 

O Planalto não executou nem metade dos recursos para o setor no ano passado. Além disso, os R$ 9 bilhões propagandeados nesta semana juntam, num mesmo balaio, manutenção de benefícios, verbas já empenhadas e recursos carimbados que já iriam, de alguma forma, para a região.

 

A frase:

 

“Temos que encontrar soluções para destravar essas obras. O grande problema são questões de aditivos, projetos mal elaborados e muitas vezes superfaturamento. Não dá mais para esperar. O povo nordestino não aguenta mais ter que esperar um carro pipa para poder beber água. Não podemos ficar parados e o povo morrendo de sede.”

Deputado Carlos Brandão (MA)

 

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)