Rearranjo


Mudança no comando do Ministério dos Transportes tem viés eleitoreiro, critica Sávio

A nomeação de César Borges para o Ministério dos Transportes soou como mais uma atitude eleitoreira da presidente Dilma de olho em 2014. O deputado Domingo Sávio (MG) afirmou que o rearranjo na Esplanada está relacionado à antecipação da pré-candidatura da petista à reeleição. Ontem ela anunciou o nome de Borges, membro do PR, para comandar a pasta que foi o primeiro alvo da chamada “faxina ética” em 2011. Naquele ano, Alfredo Nascimento, também do PR, deixou o cargo por suspeitas de irregularidades.

A troca de Paulo Sérgio Passos, que substituiu Nascimento durante a crise, por Borges, pode ter o intuito de agradar o PR, já que o partido nunca se sentiu representado por Passos. A mudança surge exatamente no momento em que a legenda dá sinais de que poderá apoiar outro candidato em 2014.  Para Sávio, Dilma e o PT antecipam ilegal e descaradamente o pleito do próximo ano. “Já não é de bom grado lançar candidatura antecipada de quem quer que seja, ainda mais de uma pessoa que preside o país, e que deve governar pensando nos interesses da nação e não em interesses eleitorais”.

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Na avaliação do tucano, as ações da presidente têm sido direcionadas para construir alianças e apoios, sem pensar no bem do país. “A presidente nomeia ministros e até cria ministérios pensando exclusivamente no processo eleitoral. Ela não só nomeia novamente o PR para conduzir a pasta, mas acabou de criar o ministério da Micro e Pequena e Empresa para tentar atrair mais aliados para o seu projeto de poder”, afirmou. A nova pasta deverá abrigar o PSD, aliado do governo.

A mudança no comando dos Transportes segue o exemplo do que foi feito em março no Trabalho. Há duas semanas, Dilma reabilitou ao primeiro escalão aliados do pedetista Carlos Lupi, que deixou o cargo sob acusação de corrupção. “O PT tem feito muito mal ao país, pois não governa a nação como deveria e continua embriagado num projeto de poder, o que mostra que o compromisso do partido é apenas com os interesses próprios”, frisou Sávio.

Com as mudanças nos Transportes, o PR voltará a ter o poder de indicar cargos de direção e interferir nas políticas da pasta, cujo orçamento total é de R$ 10 bilhões. Com a saída de Nascimento, outros 27 funcionários foram demitidos por suspeita de corrupção. Reportagem publicada pela “Veja” na época afirmava que pessoas ligadas ao ministério cobravam propina de empresas prestadoras de serviço – empreiteiras e consultorias envolvidas na construção e reforma de estradas.

Empreiteiros são acusadas de repassar a funcionários do ministério 4% do valor que recebiam pelas obras. No caso de consultorias responsáveis pela elaboração dos projetos das obras, o índice seria de 5%. Esse pagamento seria essencial para a vitória de empresas em processos de licitação para a construção de estradas e ferrovias. O destino do dinheiro seria o PR, presidido por Nascimento e no comando do esquema de arrecadação estaria o secretário-geral do PR, o deputado Valdemar Costa Neto (SP).

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)

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2 abril, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

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