Fora de controle
Governo federal tem sido tolerante com descontrole da inflação, critica Colnago
Na avaliação do deputado César Colnago (ES), o governo federal tem sido tolerante com a inflação. O índice brasileiro é um dos mais altos do mundo e afeta principalmente os mais pobres. A inflação entre a população com renda até 2,5 salários mínimos, calculada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), foi de 6,94% em fevereiro, superior à da média, de 6,04%. A alta foi puxada pela disparada de preços dos alimentos. Para a presidente Dilma Rousseff, no entanto, o aumento não está fora de controle.
A petista gerou polêmica semana passada ao afirmar que não concorda “com políticas de combate à inflação que olhem a questão da redução do crescimento econômico”. Segundo ela, “esse receituário quer matar o doente em vez de curar a doença”. As declarações de Dilma tiveram repercussão negativa e foram criticadas por economistas. De acordo com Colnago, a inflação parece ser um mal aceitável para a presidente.
“Ela sabe que a inflação não está sob controle, o governo não tem acertado no remédio nem nas medidas e é fundamental que nós possamos trazer esse índice para as metas estabelecidas. O governo não tem competência, não sabe usar o instrumento correto e fica fazendo afirmações que não condizem com a realidade”, reprovou.
O tucano considera “perversa” a combinação de alta dos preços e baixo crescimento do país. “O processo inflacionário é muito ruim para a economia como um todo, mas principalmente para os mais pobres, que não têm como se proteger. Nós estamos assistindo a um aumento localizado na alimentação, fator que prejudica a população que ganha até dois salários mínimos”, destacou. “Todo e qualquer governo comprometido com as causas sociais tem que fazer de tudo para conter um processo como o que estamos assistindo”, completou.
Os preços dos alimentos adquiridos pelos consumidores de rendimento mais baixo dispararam. Para a população mais pobre, 30% do salário são destinados às compras de supermercado, enquanto para a média dos brasileiros os alimentos representam 20% das despesas.
Para piorar, o Banco Central, responsável por regular a questão, está desacreditado no mercado. Analista avaliam que a autoridade monetária não persegue mais um Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 4,5% no ano. O objetivo teria migrado para um valor próximo de 6,5%. De acordo com especialistas, o BC parece estar de mãos atadas.
Segundo Colnago, é preciso que a instituição tenha mais autonomia e solucione o problema. “Precisamos de um Banco Central com independência e que possa tomar atitudes fundamentais na área monetária para evitar o processo de corrosão da nossa moeda e controlar as metas estabelecidas”, concluiu.
A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado realizará nesta terça-feira (2), às 10h, audiência pública com o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, sobre política monetária. Na ocasião, Tombini deve ser questionado sobre as declarações da presidente Dilma a respeito de inflação versus baixo crescimento econômico.
Fala desastrosa
→ Segundo análise do Instituto Teotônio Vilela (ITV), a fala de Dilma foi desastrosa. “Não há nada de conjuntural na inflação brasileira. Ela vem se mantendo alta, e acima dos padrões internacionais, há tempos: nos últimos dez anos de gestão petista, em apenas três o índice de preços no país obedeceu à meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional”, diz trecho da carta de conjuntura política.
(Reportagem: Alessandra Galvão/ Foto: Tânia Rêgo/ABr/ Áudio: Elyvio Blower)
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