Conduta inadequada


Viagens de Lula bancadas por empreiteiras são o auge da confusão entre público e privado, diz líder tucano

As viagens feitas pelo ex-presidente Lula bancadas por empreiteiras são o auge de uma “confusa relação” entre o público e privado, marca do governo petista. A afirmação foi feita pelo líder do PSDB na Câmara, deputado Carlos Sampaio (SP), em discurso nesta quarta-feira (27).

Reportagem da “Folha de S.Paulo” revelou que 13 de 30 viagens de Lula ao exterior após sair do cargo foram bancadas por grandes empresas com interesses nos países visitados, conforme telegramas obtidos via Itamaraty. Em parte delas, o petista recebeu apoio de embaixadas, por meio de funcionários locais ou diplomatas enviados do Brasil para acompanhá-lo. Há também pagamento de almoços e aluguéis de material para a comitiva.

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“Não me parece que essa seja uma conduta adequada para alguém da estatura de Lula. Ele não precisa disso”, afirmou Sampaio. “Não podemos admitir que um ex-presidente da República viaje como lobista”, comentou.

Em algumas das viagens, Lula chegou a ter gastos com aluguéis e alimentação bancados pelo Itamaraty. A “Folha” relata que em 15 de março de 2011, a embaixada do Brasil em Doha (Qatar) solicitou que o palácio liberasse US$ 330,58 para pagar o aluguel de um computador e uma impressora no "aposento do ex-presidente Lula, no Sheraton Hotel". A viagem era privada, para participar de fórum da rede de TV Al Jazeera. Três dias antes, foram solicitados US$ 685,95 para promover um almoço no Nobles Restaurante, um dos mais badalados do país, para Lula e acompanhantes.

“Ele estava no hotel descansando para depois cumprir o seu papel de lobista de empreiteiras brasileiras. E a embaixada disponibiliza recurso público. Isso é improbidade. Isso pega mal para a Presidência da República”, condenou o líder tucano, ao criticar ainda as explicações dadas pelo Itamaraty de que as viagens visavam fortalecer a relação bilateral África/Brasil. “Dinheiro público foi gasto com isso”, lamentou Sampaio.

O tucano recordou uma série de episódios nos quais o governo petista confundiu o público e o privado. Sampaio citou as denúncias de irregularidades que levaram à instalação da CPI dos Correios em 2005 e acabou por revelar o mensalão. A compra de votos de parlamentares no Congresso foi, segundo ele, um dos primeiros gestos da confusa relação entre a coisa pública e a privada.

O mesmo se repetiu em outros exemplos citados pelo tucano, como no aparelhamento da Petrobras e no esquema de compra de pareceres técnicos em órgãos federais com o aval de Rosemary Noronha, ex-chefe de gabinete do escritório da Presidência da República em São Paulo. “Agora, preenchendo esse ciclo de confusão entre o público e o privado, vemos esse episódio das viagens de Lula”, apontou. “Esse é mais um episódio que macula a história do Partido dos Trabalhadores”, completou.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)

 

 

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27 março, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

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