Lenta apuração


Após quatro meses, investigação do Rosegate pouco avançou e acusados continuam soltos

Parlamentares do PSDB voltaram a cobrar punição para os culpados pelo esquema de compra de pareceres técnicos em órgãos do governo federal, desvendado pela Polícia Federal. Quatro meses se passaram desde que a operação Porto Seguro foi deflagrada, mas poucos foram os resultados práticos. Os tucanos criticaram o silêncio de Dilma Rousseff e a omissão do ex-presidente Lula em relação à ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo Rosemary Noronha. Ela é apontada como uma das principais responsáveis pelas irregularidades.

O caso veio à tona em 23 de novembro, após a PF desmontar o esquema no gabinete de Rosemary, considerada amiga pessoal de Lula. Naquele momento, seis pessoas foram presas e 24 afastadas. Desde então, pouca coisa avançou: todos os envolvidos estão soltos, a Justiça ainda estuda se receberá a denúncia do Ministério Público Federal e os órgãos prosseguem em lenta apuração do envolvimento de servidores. Lula se omitiu em relação à pupila e a própria nunca deu explicações sobre as acusações que a derrubaram do cargo.

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O deputado Carlos Roberto (SP) afirmou que a oposição e a mídia não podem deixar de cobrar um desfecho para o caso de corrupção, considerado um dos mais graves já ocorridos no governo do PT. “Estamos vivendo um cenário semelhante ao da ditadura, onde nada do que os militares faziam era errado, pois tudo era em nome de uma causa. Agora, vemos tudo levar ao ex-presidente, que sempre diz que não viu nada e está ausente. Em coisas óbvias ele dá uma desculpa qualquer e sai pela tangente”, apontou, ao ressaltar que ainda acredita em punição para os culpados.

Jutahy Junior (BA) afirma que a sociedade exige um desfecho rápido para o caso. “É muito estranho que passados 120 dias nada tenha acontecido. As evidências de tráfico de influência e corrupção são muito claras nessa operação em órgãos públicos, inclusive na representação da Presidência da República em São Paulo”, disse.

Antonio Imbassahy (BA) afirma que o caso Rosemary é um dos mais escabrosos do governo do PT. Para ele, é um absurdo que tanto a presidente quanto Lula fujam da imprensa para não dar explicações. “A população quer esclarecimento e é lamentável que a presidente Dilma, que tanto fala em ética, não atue especificamente nesse caso, afinal Rosemary era a principal funcionária de seu governo em São Paulo. A presidente não tem que se calar, mas mostrar resultados à população”, completou.

Os 24 investigados foram denunciados pelo Ministério Público Federal em São Paulo em meados de dezembro. Os crimes mais citados são corrupção ativa e passiva e formação de quadrilha. A Justiça Federal do estado determinou a notificação aos acusados no dia 8 de janeiro, mas a etapa ainda não foi concluída. As investigações seguem também na Advocacia-Geral da União (AGU). Autor da acusação criminal, o MPF retomou, no início do ano, a investigação sobre o crime de improbidade administrativa. Caso ela seja aceita, os funcionários públicos serão demitidos e poderão ter de pagar multa.

Como resume o portal da revista “Veja”, o ex-diretor da Agência Nacional de Águas (ANA) Paulo Vieira é acusado de ser o comandante do esquema de falsificação de laudos em órgãos federais. De acordo com o Ministério Público, o “trabalho de intermediação dos interesses particulares de grandes empresários” era a principal atividade e meio de vida de Vieira. Sua ação teria todo o respaldo de Rosemary Noronha, que teve a influência classificada pelo MP como “constante e importante nas atividades ilícitas do grupo”.

(Reportagem: Djan Moreno/ Charge: Fernando Cabral/ Áudio: Elyvio Blower)

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25 março, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

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