Política sem rumo


Para tucanos, decisões do governo em relação à economia são imprevisíveis e geram instabilidade

A manutenção da taxa básica de juros em 7,25% ao ano e o reajuste de 5% do óleo diesel mostram a falta de clareza das ações do governo federal na economia. Essa é a avaliação dos deputados Marcus Pestana (MG) e Alfredo Kaefer (PR). De acordo com os tucanos, as decisões anunciadas nesta semana geram instabilidade e insegurança, pois são marcadas pela imprevisibilidade.

“A política econômica no governo Dilma está se caracterizando por uma extrema confusão, uma falta de orientação clara e estratégica, perdendo credibilidade no mercado”, disse Pestana nesta quinta-feira (7). “É uma política confusa, sem convicção, sem rumo, sem norte”, completou.

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Pestana criticou as medidas pontuais adotadas pelo Executivo em relação à economia. Segundo ele, o governo continua impedindo o desenvolvimento econômico e os investimentos do setor privado. “É uma perspectiva preocupante e põe em risco a herança do Plano Real. Eu espero que a presidente Dilma reveja essa posição e estabeleça um norte claro para a economia brasileira. Falta convicção, firmeza e abandonou-se a responsabilidade fiscal”, avaliou.

Conforme lembrou Pestana, a atitude do governo de reduzir a taxa básica de juros (Selic) ao menor nível histórico foi correta. Entretanto, a estratégia mudou. De acordo com comunicado emitido nessa quarta-feira (6) pelo Banco Central, os juros devem voltar a subir. “O BC sinaliza que pode aumentar a taxa de juros retomando uma trajetória ascendente”, disse. 

Na opinião de Kaefer, falta autonomia ao BC. “Há algum tempo o BC está em sintonia com o Ministério da Fazenda quando ele deveria tomar o seu rumo próprio. O Banco Central tem que saber o que fazer e como fazer. Isso mostra um vai e vem, uma inconstância e uma insegurança para o mercado”, declarou. 

"Desde o início do atual governo, a estratégia do BC para enfrentar a inflação mudou várias vezes, diminuindo a previsibilidade da política monetária", aponta o documento editado pelo Instituto Teotônio Vilela (ITV).

O reajuste de 5% do óleo diesel comercializado em todo o país, determinado pela Petrobras, tem o objetivo de amenizar o prejuízo de cerca de R$ 23 bilhões da empresa no ano passado. No entanto, o aumento dos preços foi inesperado. Trata-se do segundo reajuste de combustíveis em pouco mais de um mês e o quarto em um ano, depois do congelamento dos preços – política de controle da inflação que prejudicou a estatal.

Para Pestana, a alta dos preços é uma contradição. “Depois de colocar a maior empresa brasileira numa situação extremamente delicada por má gestão, o governo agora toma uma atitude contraditória. O Executivo bate o bumbo com a queda da energia elétrica, mas tira com a outra mão aumentando o preço do diesel e dos derivados de petróleo”, ressaltou Pestana. 

Kaefer, por sua vez, considera o aumento do combustível repentino. “O governo transformou a Petrobras em um instrumento de política monetária, segurou os preços e inesperadamente anuncia um aumento de combustível”, resumiu.

(Reportagem: Alessandra Galvão/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)

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7 março, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

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