Vias precárias


Infraestrutura deficiente prejudica escoamento de toneladas de grãos, criticam parlamentares

As deficiências na infraestrutura brasileira colocam em risco a distribuição e exportação de 185 milhões de toneladas de grãos. As dificuldades para escoamento evidenciam os problemas de infraestrutura nas rodovias, portos e hidrovias. Irregularidades diversas e o despreparo da malha para o transporte são um exemplo da falta de atenção do governo petista com um setor tão importante para o país. Para deputados do PSDB, os gargalos reforçam a ineficiência e incompetência do PT.

“O Brasil é um grande produtor de alimentos, mas eles ficam represados ou mais caros pela falta de investimento em infraestrutura nos últimos anos, seja nas rodovias, ferrovias, mas especialmente nos portos, que não têm condições de competição. Basta ver as empresas que trabalham nesse segmento para verificar o alto custo”, ressaltou Eduardo Azeredo (MG)

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Segundo lembrou o tucano, o Planalto tardiamente falou em privatizar os portos, mas é uma medida envergonhada, pois demora para ser colocada em prática. “É preciso investir, mas o governo não tem agilidade para isso e continua tentando iludir a população com promessas”, reprovou.

Reportagem do jornal “Folha de S.Paulo” mostrou as irregularidades detectadas pela Presidência da República nas companhias Docas, estatais encarregadas de administrar 17 dos principais portos do país. Só na atual gestão foram necessários aportes de R$ 1,2 bilhão do Tesouro para sustentar essas companhias. As verbas seriam aplicadas na melhoria dos portos, mas ainda não trouxeram resultados.

No momento em que o país começa a colher a maior safra da história – 185 milhões de toneladas de grãos e oleaginosas, 11% a mais que a anterior -, os produtores se deparam com a disparada do preço do frete para o transporte rodoviário. Só na última semana, o valor subiu entre 20% e quase 70%, dependendo da região. A informação é do jornal “O Globo” desta quinta-feira (28).

O preço do transporte é reflexo da estrutura deficiente do país, de acordo com Azeredo. Se as estradas são piores, completou o deputado, o custo do caminhoneiro será maior. Esse aumento é repassado ao consumidor.

Vanderlei Macris (SP), por sua vez, criticou a administração petista por não preparar o país para o escoamento da safra. De acordo com o tucano, o governo debocha do país quando aproveita uma safra produzida pela iniciativa privada, mas não faz a sua parte. 

“O governo aproveita a extraordinária safra produzida, mas esconde a incapacidade de dar ao país a possibilidade de que ela seja aproveitada como grande trunfo para o Brasil, o que é lamentável. Os empresários fazem a sua parte, mas o país carece de competência do governo para fazer a parte mais importante: uma boa infraestrutura.”

Campeão de exportação

→ Pelos dados oficiais, o país é o hoje o maior produtor (84 milhões de toneladas) e exportador (41 milhões de toneladas) de soja. O Brasil também tomou dos americanos a posição de primeiro exportador mundial de milho (com 25 milhões de toneladas, contra 23 milhões nos EUA).

→ Entre 142 países listados pelo Fórum Econômico Mundial, os portos do Brasil amargam o 130º lugar no ranking de eficiência.

→ Nove entre 11 obras de rodovias concluídas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) nos últimos dois anos apresentam problemas estruturais, como comprovou uma auditoria aprovada ontem pelo plenário do Tribunal de Contas da União (TCU). Os defeitos nesses trechos recém-construídos surgiram, em média, sete meses depois de concluídas as obras. A informação é do jornal “O Globo”.

→ As 11 rodovias selecionadas para a auditoria, em oito estados, custaram R$ 741,3 milhões. Somente para corrigir os problemas na estrutura das estradas, surgidos precocemente, o Dnit precisará gastar R$ 159 milhões, ou 21,4% do valor das obras, conforme estimativa da auditoria, ainda segundo a reportagem.

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Foto: Valter Campanato/ABr/ Áudio: Elyvio Blower)

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28 fevereiro, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

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