Benefício inaceitável

Protagonista do debate, PSDB saúda votação do fim do 14º e 15º salários dos deputados

Protagonista da defesa pelo fim urgente do pagamento do 14º e 15º salários aos deputados, o líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), destacou o agendamento para esta quarta-feira (27) da votação do projeto que acaba com esse benefício. Para o tucano, o recebimento da vantagem é uma vergonha nacional, além de indefensável e inexplicável. Conforme apontou, o partido é totalmente favorável ao fim do que chamou de “privilégio inconcebível”. A proposta será analisada logo após a apreciação do pedido de urgência, também prevista para amanhã.

A decisão foi tomada uma semana após o PSDB fortalecer sua posição de pioneirismo na Câmara e definir como prioridade o fim dos salários extras aos parlamentares. Sampaio propôs na última terça-feira (19), durante reunião de líderes, que os assuntos fossem pautados e votados imediatamente. De acordo com o presidente Henrique Eduardo Alves, a inclusão do projeto na pauta foi apoiada por todos os líderes partidários. O requerimento de urgência para votação da proposta também foi assinado por todos os representantes.

Na opinião do líder tucano, o assunto é primordial para um reencontro do Parlamento com a sociedade. “Só vamos mudar a imagem do Parlamento se mudarmos a postura dele. O PSDB defendeu na reunião do colégio de líderes o fim imediato do 14º e do 15º salários desta Casa. A sociedade brasileira se sente aviltada, com toda a razão, porque não é correto”, declarou Sampaio, da tribuna, na semana passada. “O povo trabalha muito mais do que nós em muitas oportunidades e recebe o 13º salário. E aqui na Câmara se recebe o 14º e o 15º. Não é possível mantermos esse privilégio inadmissível na realidade brasileira e para o PSDB é prioridade colocar um fim nisso”, ressaltou.

Também nesta terça-feira, Sampaio voltou a defender o fim do voto secreto na Câmara. Para ele, o mecanismo é uma "excrescência". "Esta é uma prioridade do PSDB e da nação. Não é possível que as pessoas continuem escolhendo seus parlamentares e, diante de momentos importantes, não saberem como esse representante vota", apontou. De acordo com o deputado, a proposta depende de consenso da maioria dos líderes. A previsão é de que seja pautada para votação na próxima semana.

Os dois assuntos constam na lista de prioridades apresentada pelo PSDB para apreciação urgente em plenário. Desde o início do ano legislativo o líder tucano vem cobrando a análise dessas matérias.

Vários deputados do PSDB são a favor da medida para acabar com o 14º e 15º salários. Para o deputado Ruy Carneiro (PB), que já abriu mão oficialmente do recebimento do benefício, "essa é uma grande vitória da sociedade". "Trata-se de uma decisão que faz bem à imagem do Parlamento brasileiro. Estou confiante e honrado em fazer parte desse movimento de renovação da Casa", apontou o parlamentar.

Cesar Colnago (ES) também comemorou a inclusão da proposta na pauta. Segundo ele, o projeto extingue umas mais emblemáticas mazelas do Parlamento. "Trata-se de um privilégio vergonhoso e por isso mesmo indefensável, pois a classe trabalhadora do país não tem direito ao mesmo benefício", ressaltou. "A medida é moralizadora e vem ao encontro das aspirações da sociedade brasileira por ética e austeridade na vida pública", completou.

Reforma política

A reforma política também entrará na pauta do plenário na primeira semana de abril, conforme decisão dos líderes dos partidos. Segundo o presidente da Câmara, será votado o texto possível, “mesmo sem acordo”.

As bancadas deverão negociar pontos específicos da proposta com o relator, deputado Henrique Fontana (PT-RS). O petista explicou que os quatro itens que deverão ir à plenário são: a coincidência das eleições no mesmo ano; o fim das coligações proporcionais; a manutenção do voto no partido ou no candidato, a depender do interesse do eleitor; e o financiamento público exclusivo de campanhas.

Assista na TV 45 trechos da entrevista coletiva concedida nesta terça: