Valores distorcidos


Governo mascara resultados do PAC na tentativa de enganar população com números inflados

O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) anda a passos de tartaruga. Lançado em 2007 – ainda no governo Lula -, o projeto tinha o objetivo de acelerar o crescimento econômico do país, prevendo investimentos na infraestrutura de setores essenciais. De lá para cá, o que se viu foram obras paralisadas, recursos desperdiçados e números inflados de um governo que vive de muita propaganda e pouca realização. Em discurso na última quarta-feira (20), o senador Aécio Neves (MG) apontou os 13 maiores fracassos da gestão petista. Um deles é: “A paralisia do país: o PAC da propaganda e do marketing”.

Em balanço divulgado na última sexta-feira (20) sobre a segunda fase do programa, o governo inflou os números. Foram incluídos os valores do PAC orçamentário, financiado diretamente pelo Tesouro, e dos empreendimentos dependentes das estatais e de outros agentes. Se o governo utilizasse apenas as obras previstas no Orçamento-Geral da União, os números seriam bem diferentes. Na avaliação do deputado Raimundo Gomes de Matos (CE), o balanço não é confiável porque o Planalto mascara os resultados concretos.

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“O governo coloca os investimentos das estatais junto com os do PAC  orçamentário. Com isso, os números não ficam transparentes. É triste vermos o Partido dos Trabalhadores tentando enganar a população sem ter a coragem de dizer que é um governo sem competência e gerenciamento”, criticou o tucano.

A execução da parte prevista no Orçamento continua bem abaixo dos valores autorizados. Em 2007, ano do lançamento do programa, dos R$ 16,5 bilhões autorizados, apenas 72,8% foram efetivamente pagos. Ou seja, as obras do PAC 1 nem foram concluídas e, mesmo assim, lançaram o PAC 2. Em 2012, dos R$ 73,9 bilhões autorizados, apenas 24,4% foram pagos, segundo dados da Assessoria Técnica do PSDB na Câmara.

Os resultados são pífios, a exemplo da ferrovia Norte-Sul (foto) e da transposição do rio São Francisco. Os empreendimentos, que fazem parte do PAC, estão emperrados e já tiveram as previsões de conclusão alteradas, além de problemas com o Tribunal de Contas da União. Segundo Gomes de Matos, os inúmeros atrasos devem servir de alerta para a população. “Fica esse alerta para que a população possa ver com mais cautela esse balanço divulgado. Muitas obras paralisadas. Falta de compromisso e gerenciamento do PT.”

Em Anápolis (GO), empresários aguardam a entrega da ferrovia que promete deslocar o eixo de importação e exportação, hoje focado no Sudeste, para o Norte e o Nordeste. A Norte-Sul interligará o porto seco do Centro-Oeste, sediado na cidade, com o porto seco de Itaqui (Maranhão). O término da obra era previsto para julho de 2012. Atualmente, a previsão é maio de 2014.

Já no Nordeste, o problema daqueles que sofrem com a alta de água continua.  A transposição do São Francisco deveria, desde o ano passado, levar água para 12 milhões de nordestinos, mas os atrasos e paralisações adiaram o término para 2015, segundo o próprio ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra. Do orçamento previsto para o programa em 2012, apenas 24,4% foram efetivamente pagos (ou seja, R$ 18 bilhões de um total de quase R$ 74 bilhões).

Publicidade institucional

→ O site “Contas Abertas” promoveu levantamento a respeito dos gastos da administração Dilma com publicidade institucional de 2012 e revelou que a União desembolsou R$ 391,5 milhões em propaganda, valor que superou em 11,3% o gasto de 2011. Em publicidade institucional, obras e programas de órgãos e entidades governamentais, foram gastos R$ 159,4 milhões. Desse valor, 63% foram utilizados apenas pela Presidência. O governo aumentou seus gastos com propaganda no ano em que foram realizadas as eleições municipais.

A frase:

“O mais grave é enganar a população maquiando números e modificando métodos. Infelizmente muitos não conhecem esses detalhes, o que faz com que eles apresentem notícias fictícias como se fossem reais. O PAC serviu para acelerar a corrupção. Muitos programas só serviram para isso e muitos não passam de publicidade. Infelizmente observamos o caos que se instala no país.”
Deputado Raimundo Gomes de Matos (CE)

“O crítico problema da infraestrutura permanece intocado. As condições de nossas rodovias, portos e aeroportos nos empurram para as piores colocações dos rankings mundiais de competitividade. O Brasil está parado. São raras as obras que se transformaram em realidade e extenso o rol das iniciativas que só servem à propaganda petista.”
Senador Aécio Neves (MG), ao destacar os principais erros da gestão petista durante os dez anos na Presidência

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Fotos: Antonio Cruz/ABr/ Áudio: Elyvio Blower)

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25 fevereiro, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

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