Imagem desgastada


“Época” mostra como o Brasil perdeu credibilidade internacional

Na edição desta semana, a revista “Época” dá claros exemplos de como a imagem do Brasil tem se desgastado externamente. O mesmo país que há poucos anos era descrito por publicações internacionais como forte e dinâmico hoje vê desmoronar todas as artimanhas econômicas utilizadas pelo governo petista, como o estímulo exacerbado ao crédito e ao consumo e as desonerações pontuais em determinados setores.

As fórmulas adotadas diante da crise mundial em 2008 até surtiram efeito naquele momento e levaram o país a atingir crescimento de 7,5% em 2010, animando e atraindo investidores internacionais. No entanto, como destaca o ex-ministro da Fazenda e ex-secretário geral das Nações Unidas sobre o Comércio e Desenvolvimento (Unctad), Rubens Ricupero: “O mundo não se deixa enganar por muito tempo”. A mesma revista britânica que chegou a fazer matéria especial anos antes exaltando o que parecia ser a “força” da economia brasileira, no último ano defendeu a saída do ministro da Fazenda, Guido Mantega, por considerá-lo inepto para fazer o país crescer.

Os motivos para que a imagem do Brasil mudasse tão rapidamente não foram poucos. O que dizer de um PIB que desacelerou tanto, chegando a crescer apenas 1,35%, de acordo com a revista, em 2012 ante uma média mundial de 3,3% no mesmo ano? Armínio Fraga, economista e ex-presidente do BC, afirma que havia esperança de que o país mantivesse a média de crescimento na casa dos 7%, mas “agora o pessoal caiu na real”.

As manobras do governo, ou maquiagem, como alguns preferem chamar as diversas façanhas do Planalto com os números oficiais, também deixaram de ser segredo e passaram a assustar ainda mais o empresariado e o mercado. Recentemente foi a vez do “Financial Times” criticar a maquiagem das contas públicas, que conseguiu inclusive “transformar” um pequeno superávit em um grande superávit fiscal.

Época repete algo que parlamentares do PSDB têm alertado ao longo dos últimos anos. Segundo a publicação, “a mudança de percepção em relação ao Brasil se deve apenas em parte ‘ao PIBinho’. A lista dos fatores que afetam negativamente a imagem do Brasil no exterior parece não ter fim – da intervenção crescente do Estado na economia às alterações constantes nas regras do jogo de vários setores de negócios; da paralisação das reformas tributária e trabalhista à adoção de medidas protecionistas; da ‘flexibilização’ do regime de metas de inflação à interferência na taxa de câmbio”.

Outro grave erro é tratar o capital estrangeiro como vilão. O governo deveria, como lembra a revista, cortejar esses investimentos. E isso se faz ainda mais necessário em um país no qual não se poupa, onde o consumo é incentivado o tempo todo para manter “aquecida” a economia. “É necessário mais pragmatismo e menos ideologia”, como resumiu Armínio Fraga. 

(Reportagem: Djan Moreno/ Áudio: Elyvio Blower)

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25 fevereiro, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

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