Inércia geral


Grandes obras do governo federal andam a passos de tartaruga e são exemplos de inoperância

A inércia e a dificuldade do governo federal em tocar as grandes obras continuam a comprometer o avanço do país. Dois exemplos clássicos foram lembrados nesta segunda-feira (18) pelos deputados Valdivino de Oliveira (GO) e Raimundo Gomes de Matos (CE): a ferrovia Norte-Sul e a transposição do rio São Francisco. Os empreendimentos, que fazem parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), estão emperrados, já tiveram as previsões de conclusão alteradas e problemas com o Tribunal de Contas da União. 

Em Anápolis (GO), empresários aguardam a entrega da ferrovia que promete deslocar o eixo de importação e exportação, hoje focado no Sudeste, para o Norte e o Nordeste. A Norte-Sul interligará o porto seco do Centro-Oeste, sediado na cidade, com o porto seco de Itaqui (Maranhão). O porto seco é hoje uma das principais portas de saída das commodities produzidas em Goiás. O término da obra, que inclusive foi visitada por Dilma (foto), era previsto para julho de 2012. Agora, a nova previsão é maio de 2014.

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“É lamentável que o governo esteja prorrogando novamente a inauguração, mas torço para que dessa vez possa se planejar e executar tudo no tempo”, disse Valdivino. Segundo o deputado, a Norte-Sul é a maior das obras federais que se arrastam em Goiás, mas a situação se repete pelo Brasil com a maioria das construções do PAC. Para ele, o investimento público nesse empreendimento poderia alavancar a economia da região e do país.

"A vontade do governo de promover o desenvolvimento econômico e social fica muito mais na retórica do que na prática. O governo deveria cuidar desses assuntos com mais firmeza principalmente quando vemos que o PIB brasileiro tem tido um pífio desempenho devido à falta de investimentos”, alertou. Atualmente, as obras da ferrovia estão paradas e o TCU apontou vários problemas no planejamento.

Já no Nordeste, o dilema dos moradores que sofrem com os longos períodos de estiagem continua. A transposição do São Francisco deveria, desde o ano passado, levar água para 12 milhões de nordestinos, mas os atrasos e paralisações adiaram o término para 2015, como garante agora o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra.

O jornal “Diário do Nordeste” trouxe com destaque na edição de domingo uma reportagem sobre o caos na transposição. Segundo a publicação, um dos maiores projetos do governo federal em curso no país acumula atrasos e acréscimos no orçamento, além de enfrentar denúncias de irregularidades nos contratos com as empreiteiras. Em cinco anos, a transposição alcançou apenas 43% de execução da parte física.

“Já é a enésima vez que o governo do PT propaga uma data para conclusão das obras de transposição”, critica Gomes de Matos. O tucano apresentou requerimento no início do mês pedindo a instalação de comissão temporária externa para acompanhar o projeto. O empreendimento tinha orçamento estimado em R$ 4,8 bilhões, mas devido à ineficiência do governo já se estima gasto de mais de R$ 8,2 bilhões. O parlamentar quer que o grupo de deputados busque resultados e cobre efetividade.

Até o momento, o parlamentar afirma que a transposição tem sido uma grande falácia. “Mais uma vez os ministros jogam datas com uma certa margem de irresponsabilidade, pois nesses últimos cinco anos estabeleceram datas, o Congresso aprovou orçamentos, houve recursos disponíveis, mas o governo não fez com que essas obras realmente acontecessem”, lamentou o tucano. Do orçamento previsto para o programa em 2012, apenas 24,4% foram efetivamente pagos (ou seja, R$ 18 bilhões de um total de quase R$ 74 bilhões).

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Wilson Dias/ABr e Reprodução/ Áudio: Elyvio Blower)

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18 fevereiro, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

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