Fortalecimento da democracia


Para João Campos, está claro o viés político do movimento pelo impeachment de Roberto Gurgel

O 1º vice-líder do PSDB na Câmara, deputado João Campos (GO), rechaçou a tentativa de alguns parlamentares da base governista de pedir o impeachment do procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Encabeçada pelo senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL), a iniciativa tem apoio de parte do PT e do PMDB e parece, segundo o tucano, ter claras intenções políticas. “Não acredito que haja razões suficientes para essa propositura”, afirma Campos.

O pedido de afastar o procurador do cargo teria surgido porque os parlamentares acreditam que sua atuação no comando do Ministério Público é pautada por ações ilegais. Ao contrário disso, Campos acredita que Gurgel e toda a Procuradoria têm sido importantes no fortalecimento da democracia “O Ministério Público, como um todo, tem exercido papel muito importante no fortalecimento e consolidação da nossa democracia e das nossas instituições”, destacou.

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Segundo ele, o viés político da medida está bastante claro. Publicamente, o senador Collor defende o impeachment de Gurgel por considerar que o procurador atuou com "inércia" na Operação Vegas, que investigou em 2009 o grupo do empresário de jogos Carlinhos Cachoeira e flagrou conversas do ex-senador Demóstenes Torres. Gurgel, ao receber o inquérito da PF na época, optou por não dar prosseguimento às investigações. O deputado do PSDB, no entanto, vê a situação de forma diferente.

O procurador foi responsável por investigar o PT, no caso do mensalão, e o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), na denúncia de uso de recursos de uma empreiteira para pagar pensão à filha. Essas seriam as reais motivações dos que defendem o impeachment, segundo João Campos. Para ele, o episódio Vegas não causou prejuízo, pois a operação seguinte da Polícia Federal (Monte Carlo) completou a investigação.

“Não vejo, portanto, motivos que justifiquem essa iniciativa. Quem sabe ela tenha muito mais uma motivação de ordem política do que necessariamente elementos fáticos que justifiquem o afastamento do procurador”, disse.  Caso haja motivos reais que desabonem a conduta do procurador, o deputado afirma que seria o caso de acionar mecanismos responsáveis por avaliar a conduta, como o Conselho Nacional do Ministério Público.

O senador entrou com representação contra Gurgel no CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público). No Senado, protocolou requerimento em que pede a apuração de "ilegalidades" na Procuradoria.

 “Fica a indagação: por que querem fazer isso nesse momento? Se há dúvidas quanto a atitudes do procurador, então que os parlamentares o convidem para se esclarecer no Congresso. Seria uma medida muito drástica e que foge do princípio da dosimetria o afastamento do procurador-geral da República em função somente disso que apresentam”, alertou Campos.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)

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15 fevereiro, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

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