Heroísmo falso
Kaefer critica oportunismo da presidente Dilma em anunciar desoneração da cesta básica no Dia do Trabalho
O deputado Alfredo Kaefer (PR) classificou de oportunista a intenção da presidente Dilma Rousseff de esperar pelas comemorações de 1º de maio, Dia do Trabalho, para anunciar a desoneração da cesta básica. O tucano lembrou que a petista vetou a emenda do PSDB para acabar com os impostos federais incidentes sobre os alimentos da cesta. A proposta foi aprovada por unanimidade na Câmara e no Senado, mas não recebeu o aval da presidente.
De acordo com o parlamentar, Dilma quer demonstrar heroísmo com a medida, ao zerar os impostos da comida que vai para a mesa do brasileiro. “É um oportunismo porque ela deixou de prestigiar o Congresso. Nós aprovamos a desoneração da cesta básica e ela vetou. A presidente fez politicagem contra o Parlamento, contra o PSDB e agora ela sai de heroína e vai mostrar que ela concedeu a desoneração. Isso é brincadeira”, criticou o deputado nesta quarta-feira (13).
Segundo o jornal "Brasil Econômico", a medida virá acompanhada pela revisão dos itens que compõe a cesta, conforme antecipou a própria presidente na semana passada. A retirada do PIS, da Cofins e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) pode reduzir em até 5%, na média, o preço dos alimentos, segundo técnicos do governo. Alguns produtos podem ganhar descontos ainda maiores.
Dados do IBGE mostram que os valores do arroz e do feijão subiram mais de 30% no país em 2012. Para Kaefer, se a petista tivesse sancionado a emenda do PSDB, o impacto dos alimentos na inflação seria menor. “Com certeza já poderíamos ter dado um impacto no custo e provavelmente a inflação não teria atingido esses níveis”, apontou.
No acumulado de 2003 a 2012, os reajustes do preço do feijão chegaram a quase 200%, ante uma inflação de 76,62% no período. O arroz, embora tenha permanecido com preço estável nos primeiros nove anos do governo petista, ficou 36,67% mais caro somente em 2012. Na década, subiu 38,55%.
O tucano afirmou que Dilma pode compensar a redução de impostos da cesta básica com a criação de outros tributos. “Ela vai desonerar a cesta básica, mas qual é o outro imposto que ela vai criar para a arrecadação de impostos ficar no mesmo patamar ou até aumentar? Essa é a questão. Ou nós pagamos na cesta básica ou no posto de gasolina. Então, dá na mesma”, ponderou. Segundo ele, a solução “é uma desoneração linear da carga tributária”.
Redução da alíquota
→ Nos próximos meses, a presidente Dilma quer avançar nas negociações com os estados para tentar reduzir a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). O tributo é o que tem o maior peso sobre os alimentos que compõe a cesta.
→ Por parte do governo federal, o PIS, Cofins e o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) que incidem sobre os produtos da cesta básica seriam logo eliminados.
(Reportagem: Alessandra Galvão/ Foto: Antonio Sena – Ag. Amapá/ Áudio: Elyvio Blower)
Leia também:
Alta no preço da cesta básica torna urgente necessidade de desoneração, dizem tucanos
Deixe uma resposta