Erros de cálculo

Azeredo critica repetidos atrasos em concessões de rodovias em Minas Gerais

O deputado Eduardo Azeredo (MG) lamentou, nesta terça-feira (5), o novo atraso na  concessão de rodovias em Minas Gerais. Se não bastasse o adiamento das obras da BR-381, agora foi postergado o leilão de duas estradas no estado (BR-040 e BR-116) incluídas no Programa de Investimento em Logística, lançado pela presidente Dilma Rousseff em agosto. A informação é do jornal “Folha de S.Paulo”.

Apesar da urgência do país em melhorar a malha rodoviária, o Planalto retarda ainda mais o processo – já atrasado – de concessão. Na avaliação do parlamentar, essa é mais uma demonstração da falta de atenção do governo com Minas Gerais. “Estamos assistindo o governo sem capacidade de definição, indeciso e com projetos sendo mal feitos”, afirmou.

Erros de cálculo e dúvidas sobre as regras estão travando o pacote de obras de logística que o governo começa hoje a tentar “vender” ao setor privado. Na semana passada, o leilão teve que ser adiado depois que três empresas desistiram de participar. O motivo foram projeções de receita e lucros superavaliados. O governo superestimou as projeções para o retorno financeiro das duas primeiras concessões, com previsão total de investimento de mais de R$ 200 bilhões.

No mês passado, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) anunciou mais uma vez o adiamento da concorrência para a reforma da BR-381. Classificada de “Rodovia da morte”, a estrada, que fica no trecho entre Belo Horizonte e Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, é considerada a mais perigosa do país. Empreiteiras apontam lista de omissões e irregularidades na licitação para a duplicação.

Azeredo criticou o atraso de 15 anos para a duplicação da rodovia. “Já tem muito tempo de atraso de uma estrada, que no início do ano também teve adiamento. Agora, o governo adia a concessão da 040 e da 116. O governo, mais uma vez, não faz e não deixa os outros fazerem”, concluiu. De 1º de janeiro a 30 de novembro do ano passado, segundo balanço da Polícia Rodoviária Federal, 114 pessoas perderam a vida em 2.307 acidentes no trecho a ser duplicado. Foram mais de 1.600 feridos.

Descrédito entre investidores

→ O programa de rodovias não é o único a gerar descrédito entre os investidores – o governo também enfrenta problemas com as concessões de ferrovias e portos. Nesta semana, o governo envia uma comitiva ao exterior para "vender" os projetos federais de concessão e atrair investimentos externos.

→ Em ferrovias, a previsão era que os estudos de viabilidade de 6 dos 12 trechos a serem concedidos estivessem divulgados em dezembro. Os estudos não foram publicados porque o governo ainda não fechou um modelo concreto sobre como as companhias vão usar as novas ferrovias.

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)