Sangria


Para Alfredo Kaefer, Petrobras paga a conta pela falta de equilíbrio da gestão petista

O reajuste no preço dos combustíveis tem como pano de fundo a má situação da Petrobras, na avaliação do deputado Alfredo Kaefer (PR). A companhia perdeu 40% do seu valor de mercado em três anos e passou da segunda para a quarta posição no ranking das maiores empresas de gás e petróleo dos Estados Unidos e da América Latina. O alto preço do petróleo no exterior está quebrando a estatal. A Petrobras paga caro pelos combustíveis e os vende barato, mesmo com o aumento de 6,6% da gasolina e 5,4% do diesel.

Segundo o tucano, a Petrobras está pagando a conta porque o governo não sabe controlar a inflação. “Há uma confusão. O governo não consegue equilibrar as contas públicas e acaba usando subterfúgios para controlar a inflação. Um deles é o controle do combustível por conta da Petrobras”, afirmou nesta quinta-feira (31). “A Petrobras acabou sendo um instrumento de controle da inflação do governo. A estatal está pagando essa conta e o mercado avalia imediatamente os resultados com a perda no valor das ações e da companhia”, completou.

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A estatal valia US$ 199,3 bilhões no dia 1º de janeiro de 2010, valor que despencou para US$ 119,9 bilhões nessa quarta-feira – uma diferença de quase US$ 80 bilhões. Em 2012, a Petrobras foi ultrapassada pela primeira vez pela Ecopetrol e a diferença agora se amplia. A empresa colombiana está avaliada hoje em US$ 130,1 bilhões e ocupa o terceiro lugar no ranking. “A empresa era um orgulho nacional, despontava entre as maiores petrolíferas mundiais e hoje perde para uma companhia que explora uma quantidade muito menor de petróleo”, acrescentou o deputado.

De acordo com Kaefer, a gestão do PT está matando a empresa. “O governo continua sem fazer a sua lição de casa primordial, que é o controle fiscal e do déficit público. Isso sim é a raiz do controle da inflação e não todas essas medidas secundárias, entre elas essa de matar a Petrobras.”

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que a alta dos combustíveis “é pequena” e "não vai atrapalhar ninguém". Para Kaefer, a declaração do ministro não é verdadeira. “O aumento do combustível tem um desdobramento em cadeia em toda a economia. Isso com certeza não é pouca coisa e vai impactar sim na inflação, com absoluta certeza”, ressaltou. 

 

O parlamentar disse que o governo está dando com uma mão, ao reduzir o preço da conta de luz, e tirando com a outra, ao aumentar o preço dos combustíveis. “O combustível teria que aumentar, pois estamos vendo que a Petrobras está pagando isso. Mas é preciso criar outros mecanismos compensatórios que não impactem na inflação”, explicou.

Sangria da Petrobras

→ Segundo editorial da “Folha de S Paulo”, não é com o aumento da gasolina e do diesel que a Petrobras se verá livre da sangria. Segundo estimativas, a defasagem ainda estaria, após a alta, na faixa de 7% a 15% de diferença entre os preços domésticos e os internacionais. De acordo com a “Folha”, o prejuízo mensal da Petrobras, calculado em cerca de R$ 2 bilhões, cairia para algo mais próximo de R$ 1 bilhão. “Ainda assim, um subsídio considerável para seu consumo, bancado por uma empresa que deveria lutar por resultados melhores para apresentar aos acionistas”, diz o jornal.

→ “Como o governo Dilma segura os preços internos para conter a inflação, a Petrobras se vê na situação esdrúxula de comprar caro e vender barato – que perdura mesmo depois do reajuste anunciado na última terça. Prejuízo na veia”, apontou o jornalista Carlos Alberto Sardenberg, em sua coluna no jornal “O Globo”. 

→ Apesar de considerar caro o litro da gasolina acima de R$ 3, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, não descartou ontem a possibilidade de novos reajustes nos preços dos combustíveis nos próximos meses, para atender a demanda da Petrobras, que pleiteia correção de pelo menos 15%.

(Reportagem: Alessandra Galvão/ Foto: /Áudio: Elyvio Blower)

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31 janeiro, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

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