Liberdade de opinião


Tentativa do PT de controlar a mídia é busca desesperada pelo poder, afirma Domingos Sávio

A incansável tentativa do PT de controlar os meios de comunicação é vista pelo deputado Domingos Sávio (MG) como uma atitude desesperada para se perpetuar no poder. O presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse ontem que a imprensa e setores do Ministério Público tentam “interditar” a política e por isso devem ser combatidos pelo partido. Em reunião da bancada do PT na Câmara, o petista associou essa suposta prática ao nazismo e ao fascismo. A informação é do jornal “Folha de S.Paulo”.

Sávio considera absurda tal declaração e enfatiza: “não há como falar em liberdade democrática sem liberdade de opinião.” “Isso chega às raias da loucura”, completa o parlamentar. Na sua avaliação, o governo petista busca um socialismo falido tentando implantar no Brasil um discurso ultrapassado: de que eles representam os interesses populares.

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De acordo com o deputado, é o próprio Partido dos Trabalhadores que se desmoraliza, não a mídia ou a oposição. “O PT que pregou pela liberdade de imprensa e pela moralidade pública não existe mais. O PT de hoje está desmascarando o seu partido”, disse, ao ressaltar que a sigla não vai conseguir calar a mídia brasileira.

O jornalismo sério em um país democrático precisa ser livre, frisou Sávio. De acordo com o deputado, sem liberdade de imprensa não há democracia. “Esse é o pilar essencial de toda a democracia mundo afora. Não há como falar em liberdade democrática sem liberdade de opinião. E isso se expressa por meio dos grandes instrumentos de comunicação”, finalizou.

O Brasil perdeu nove posições no ranking mundial de liberdade de imprensa de 2013, publicado ontem pela organização não governamental Repórteres sem Fronteiras, que tem sede em Paris. De acordo com o levantamento, o Brasil passou da 99ª posição, em 2012, para a 108ª posição da lista, que é composta por 179 países. Na lista do ano passado, o país já havia caído 41 posições em relação a 2011. A informação é da “Agência Brasil".

A imprensa fiscaliza governos em qualquer lugar do planeta, mas no Brasil o Partido dos Trabalhadores continua mostrando incômodo com o trabalho da mídia. Em 2004, o então presidente Lula tentou expulsar um repórter do “The New York Times” do país após ter ficado profundamente ofendido com reportagem publicada no maior jornal dos Estados Unidos.

Intitulada “Hábito de bebericar do presidente vira preocupação nacional”, a matéria  no “The New York Times” sugeria que possíveis problemas de Lula com álcool o estariam prejudicando na tarefa de governar o país. O texto era acompanhado por uma foto do presidente, em 2003, bebendo cerveja na Oktoberfest.

No mesmo ano, Lula encaminhou ao Congresso projeto de lei que criava o Conselho Federal de Jornalismo. A entidade teria poderes para disciplinar e fiscalizar o exercício da profissão, inclusive com a prerrogativa de punir jornalistas. A proposta gerou polêmica por ser oposta à liberdade de expressão, fundamental para a atividade. "Notícia é aquilo que nós não queremos que seja publicado, o resto é publicidade", chegou a dizer o ex-presidente. A matéria foi derrubada na Câmara.

Queda no ranking

→ Os elementos analisados para avaliar o grau de liberdade dos veículos de imprensa vão desde a violência contra jornalistas até a legislação do setor. O Brasil tem perdido posições nos últimos anos e a contínua queda foi reforçada, nesta nova edição, pela morte de cinco jornalistas brasileiros registradas no ano passado – o maior número em mais de uma década – e pelos problemas persistentes no pluralismo da mídia nacional.

→ A entidade criticou o histórico recente do Brasil, alertando que o país, considerado motor econômico da América Latina, não está correspondendo à altura de sua importância regional. Na América Latina e no Caribe, Jamaica aparece na melhor posição, no 13º lugar (avanço de três posições), e a Costa Rica, em 18º lugar, subiu uma posição. Entre os sul-americanos, o país com a melhor colocação foi o Uruguai, que ocupa o 27º lugar.

→ O Brasil ficou atrás ainda do Suriname (31º), dos Estados Unidos (32º), de El Salvador (38º), de Trinidad e Tobago (44º), Haiti (49º), da Argentina (54º), do Chile (60º), da Nicarágua (78º), da República Dominicana (80º), do Paraguai (90º), da Guatemala (95º) e do Peru (105º). Ficou à frente da Bolívia (109º), da Venezuela (117º) e do Equador (119º).

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)

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31 janeiro, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

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