Promessas furadas
Para Paxiúba, Planalto caminha na contramão dos compromissos assumidos em campanha
“O governo caminha na contramão dos compromissos assumidos”. A avaliação feita pelo deputado Dudimar Paxiúba (PA) nesta quinta-feira (24) resume a diferença entre as promessas de campanha de Dilma Rousseff e a realidade da primeira metade do mandato. No período eleitoral, a petista apresentou ao país 13 compromissos que lhe serviriam de diretrizes. No entanto, o abismo entre as propostas e o que de fato saiu do papel é enorme.
Uma das promessas dizia respeito à inflação, que voltou a assustar os brasileiros. A presidente garantiu que a política macroeconômica seria consistente com o equilíbrio fiscal, controle da inflação, baixa vulnerabilidade a choques e com o crescimento mais rápido na renda das camadas mais pobres da população.
Hoje, o que se tem é a alta dos preços, com inflação batendo no teto da meta em 2011 (6,5%) e muito acima do previsto em 2012 (5,7%). E não é novidade que os mais pobres também são os mais prejudicados com os altos preços. Na hora de fechar as contas, o governo tem recorrido à maquiagem na tentativa de passar a imagem de equilíbrio fiscal. “É algo que não se pode esconder. A inflação volta com uma velocidade que nos causa medo”, destaca Dudimar.
Aliar uma política industrial eficiente à inovação tecnológica era outro compromisso da petista. A realidade é que o Ministério da Ciência e Tecnologia conseguiu encolher os investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação do setor em 34% nos últimos três anos, de R$ 10,4 bilhões para R$ 6,8 bilhões.
“É público e notório que o governo não tem conseguido tirar do papel essa propalada inovação para impulsionar o desenvolvimento industrial do país”, destaca o deputado. Entre 2010 e 2011, a queda foi de cerca de 26%, já descontada a inflação do período. A política industrial de Dilma passa tão longe do que ela anunciou, que o setor tem sido um dos responsáveis pelo fraco crescimento do PIB nos últimos dois anos.
No campo, mais falhas. Dilma disse que daria prosseguimento à reforma agrária e aprofundaria o atendimento das demandas logísticas para o escoamento e armazenamento da produção. A petista não conseguiu tocar a reforma agrária, que segundo a Pastoral da Terra teve em 2012 os piores índices em décadas. Entre 2010 e 2012, houve queda de 20,5% dos investimentos no setor. De acordo com Dudimar, o que se pode observar é a corrupção tomando conta dos órgãos responsáveis pela reforma. “Tudo emperrou”, avaliou.
Também segundo Dilma, o PAC seria usado para ampliar a oferta de água, o esgotamento sanitário, a coleta e o processamento de lixo. Basta citar o descaso com a transposição do rio São Francisco, que deveria ter sido concluída em 2012 levando água para 12 milhões de nordestinos. Em urbanismo e saneamento os investimentos caíram 19,5% entre 2010 e 2012.
“A questão das obras do PAC é caso de polícia. Nunca vimos um desvio de recursos públicos tão imenso como vem ocorrendo com esse empreendimento”, critica o deputado. Segundo ele, o programa se tornou um emaranhado de obras que se arrastam e um sumidouro de dinheiro público.
Como se não bastasse o descumprimento das promessas, no site da Presidência da República passou a constar uma nova versão dos “compromissos” de outrora. Curiosamente, trechos importantes foram limados ou modificados. “O fato é que os compromissos não foram cumpridos, não serão e o governo mais uma vez passará por mentiroso”, resumiu o deputado.
(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)
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