Balanço irreal


João Campos rebate cenário fantasioso projetado por Dilma sobre segurança nas fronteiras

Integrante da Comissão de Segurança Pública e delegado de polícia, o deputado João Campos (GO) rebateu nesta terça-feira (22) declarações da presidente Dilma Rousseff em relação ao combate ao crime organizado nas fronteiras brasileiras. Durante seu programa de rádio, a petista fez um balanço muito otimista das ações do governo para reduzir o problema e incluiu o Veículo Aéreo Não Tripulado (Vant) entre as ferramentas de vigilância das regiões mais vulneráveis do país. A utilização dos Vants, no entanto, ainda é uma promessa de campanha que engatinha, como destacou hoje o jornal “O Globo”.

A implantação dos Vants está atrasada. Dos 14 aviões que deveriam ter sido comprados pelo governo, apenas dois foram adquiridos e só um está em operação. “Se tivéssemos mesmo um programa de proteção das fronteiras para enfrentar o crime e reduzir as taxas de criminalidade, isso iria refletir nas estatísticas. Mas é apenas retórica, não existe nada”, alertou o deputado.

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Segundo o Mapa da Violência 2012, elaborado pelo Instituto Sangari, na América do Sul, somente Venezuela e Colômbia possuem taxas de homicídios maiores que o Brasil, por exemplo. Como se não bastasse, estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mostra que o país é o segundo no ranking de usuários de cocaína e derivados, com mais de 2,8 milhões de pessoas, atrás apenas dos Estados Unidos, com 4,1 milhões.

”O que podemos constatar é uma irresponsabilidade nessa área da segurança pública. O crime tem aumentado assustadoramente em todas as regiões do Brasil e a principal razão está na omissão do governo com a proteção das fronteiras. Os maiores indutores da violência são as armas e as drogas, que fazem parte do tráfico transnacional. O governo federal é o responsável por impedir e prevenir isso, mas não faz nada. É só discurso”, aponta Campos.

O parlamentar afirma que os Vants, se aliados a outras ações, podem representar um avanço na proteção das fronteiras e reduzir a criminalidade. “Se esse programa fosse levado a sério, teria consequências positivas. O problema é que isso não acontece”, destacou.

Os veículos são equipados com câmeras especiais com capacidade para filmar e fotografar com precisão objetos a até 10 quilômetros de distância. Mas a falta de preparo da polícia para selecionar, catalogar e usar o volume de informações que um avião desse tipo pode produzir fez com que o uso das aeronaves fosse adiado. Além disso, problemas típicos do governo do PT conseguiram comprometer ainda mais o programa, como a falta de planejamento antes da compra dos equipamentos.

Segundo “O Globo”, os voos começaram há menos de dois meses, mas deverão ser interrompidos nas próximas semanas. As operações com os aviões não tripulados dependem do contrato de manutenção com os fornecedores, negociação mais difícil que a da compra. De acordo com o presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Marcos Vinício Wink, na hora de optar pelo projeto, antigos dirigentes da Polícia Federal não levaram em conta dados básicos, como o treinamento dos pilotos e o aproveitamento do material produzido.

Na avaliação de João Campos, além de não ter tirado a promessa do papel, a presidente Dilma permite que a situação se agrave por não tomar outras ações para proteger os limites do país. “Além de não termos os Vants em operação, não temos homens na fronteira e nem outras ferramentas próprias para inibir o tráfico transnacional”, disse.

Em entrevista recente à “Agência Câmara”, o líder da Minoria na Câmara, Antonio Carlos Mendes Thame (SP), afirmou que o Plano Estratégico de Fronteiras não resolveu a situação. “Praticamente nada foi feito. O Brasil tem quase 17 mil quilômetros de fronteiras, com dez países, três dos quais são os maiores produtores de cocaína de todo o planeta. E não vimos nenhum ato concreto para realmente proteger essas fronteiras, que estão absolutamente relegadas”, apontou.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)

Em coletiva concedida em outubro de 2010, a então candidata Dilma exaltou a importância do Vant. Passados mais de dois anos, o uso do avião não tripulado de vigilância apenas engatinha. Armas e drogas continuam entrando nas frágeis fronteiras brasileiras e os 14 Vants prometidos não passaram de dois até agora. Assista:

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22 janeiro, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

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