Novos rumos


Desespero do Planalto com a economia indica necessidade de mudança, dizem tucanos

O desespero do Planalto em relação à situação econômica do país fez com que a presidente Dilma centralizasse ainda mais as decisões estratégicas na área. Em uma demonstração de total desconfiança com sua própria equipe econômica, a petista resolveu tomar para si a responsabilidade das principais decisões. Nos últimos dias se reuniu com alguns dos principais empresários do país para garantir-lhes melhorias futuras. Para os deputados do PSDB, a atitude não deve surtir efeitos práticos. O necessário é uma completa mudança de rumos.

“Vejo que eles [do governo] estão completamente perdidos. Na economia não se entendem e os rumos estão na contramão daquilo que se espera. A presidente está tomando a frente, pois não confia na equipe, mas isso só cria uma maior desconfiança no empresariado”, destaca o deputado Reinaldo Azambuja (MS).

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O tucano não vê perspectiva de mudança neste ano em relação a 2012, quando o país cresceu menos de 1% e a inflação atingiu 5,83%. “Não vejo por que o PT não fez o dever de casa. Não realizou as reformas, foi sempre um governo gastador e por isso hoje estamos com esses problemas”, avalia.

A situação brasileira já é vista com apreensão por analistas estrangeiros. Mais uma publicação internacional partiu para o ataque. Após a revista inglesa "The Economist" ter chegado a pedir a demissão do ministro da Fazenda, Guido Mantega, o jornal britânico “Financial Times” ironizou “o jeitinho brasileiro” na administração das contas públicas.

A publicação, que serve de referência para o mundo das finanças, explicou o tal “jeitinho” como o hábito nacional de desviar das regras ou convenções por meios de táticas "altamente criativas" e beirando a ilegalidade. É o que estaria fazendo ano após ano o governo para atingir a meta de superávit primário. Segundo a publicação, Mantega e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, estariam se transformando em "profissionais" nisso.

De acordo com o deputado Eduardo Azeredo (MG), o Brasil está há dois anos entre os países que menos crescem na América Latina.  “Isso gera insegurança e mostra uma fraqueza da equipe econômica, que não está tendo sucesso”, afirma.  

Segundo o parlamentar, há desconfiança por parte dos investidores e o governo petista coloca em risco toda a estabilidade conquistada pelo país com o Plano Real. “A imagem do Brasil como um porto seguro para investimentos não é mais a mesma. Ela se esvaiu”, destaca.

Como aponta o jornal “Correio Braziliense”, persuadida por Lula, Dilma está certa de que o melhor caminho para voltar a ter credibilidade com os empresários é recebê-los individualmente, ouvindo as queixas e sugestões e dizendo o que o governo está fazendo e o que pode fazer para sustentar o avanço do Produto Interno Bruto (PIB). As reuniões começaram na semana passada. Ontem, passaram pelo Planalto o presidente do Conselho de Administração do Grupo Gerdau, Jorge Gerdau; Eike Batista, presidente do Grupo EBX, e seu pai Eliezer Batista, além do fundador da Kahan Academy, Salman Khan, em companhia do bilionário brasileiro Jorge Paulo Lemann, acionista controlador da Ambev, do Burger King e das Lojas Americanas. 

“Ao fazer essas reuniões, a presidente demonstra que a oposição tem razão quando diz que o Brasil corre grande risco do ponto de vista econômico e apenas continua colhendo frutos do passado, sem se preocupar em garantir a segurança de novos investimentos para o futuro. A presidente já deveria ter tomado mudança de rumos há muito tempo”, ressalta Azeredo.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)

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17 janeiro, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

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