A passos lentos


Baixa execução do Plano de Banda Larga está longe das metas esperadas, afirma Azeredo

Lançado em outubro de 2011, o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) não atingiu o propósito esperado. Divulgado com muito entusiasmo, o projeto do governo – para levar internet de 1 megabyte (MB) por R$ 35 mensais – atendeu só 1,2 milhão de usuários em 2.300 cidades em um ano, um terço do esperado. A informação é do jornal “O Globo”. É apenas mais um programa da gestão petista cujos resultados estão muito abaixo das metas.

A meta do governo era chegar a 2014 com 40 milhões de lares conectados à internet com velocidade mínima de 1 MB. Hoje, segundo dados do IBGE, somente 22,395 milhões de casas (36,5% do total de lares do Brasil) têm algum tipo de conexão à rede. Ou seja, o objetivo ficou muito longe de ser alcançado.

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Na avaliação do deputado Eduardo Azeredo (MG), que presidiu a Comissão de Ciência e Tecnologia em 2012, a baixa execução mostra, mais uma vez, a distância entre o discurso petista e a realidade. Para ele, o PT é muito bom em lançar planos, mas não consegue realizá-los. “O número de pessoas que usam o sistema é ainda muito pequeno perto do que deveria ser e do que foi anunciado”, ressaltou.

O tema foi bastante discutido ano passado no colegiado. Autoridades do setor participaram de várias audiências públicas, mas não avançaram no assunto, pois o acesso à banda larga continua a passos lentos. Azeredo reiterou a  necessidade da ampliação em todo o país. No mesmo ano, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, admitiu a necessidade de aumentar a velocidade e diminuir os preços cobrados pela internet popular. Segundo o deputado, a velocidade ainda é muito baixa em relação a outros países.

O tucano lembrou o recurso do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust) que está parado e poderia ser usado para ampliar o acesso à internet. “São R$ 11 bilhões arrecadados e o governo não utiliza esse dinheiro. Sai ministro, entra ministro e a situação é a mesma”, lamentou, ao acrescentar que a inclusão digital não se dará nesse ritmo.

Para tentar reverter esse quadro, o Ministério das Comunicações e a Telebras estudam duplicar a velocidade de dados já este ano, chegando a 2 MB por mês e preço entre R$ 35 e R$ 40. Azeredo considera a medida razoável, pois, para ele, dobrando a velocidade aumenta o interesse da população, desde que o preço não seja dobrado. De acordo com o tucano, o mínimo que se pode fazer é dobrar a velocidade para aí sim tentar atingir as metas.

“A tecnologia possibilita esse tipo de investimento. O número de pessoas que usam internet tem crescido. Esse volume poderia ser maior ainda. E no caso especifico da banda larga, temos um país enorme que precisa ter uma velocidade mais adequada para poder concorrer com outros países”, concluiu.

Resistência dos provedores

→ Criado para aumentar a inclusão digital no país, o PNBL esbarrou na resistência inicial dos provedores e das operadoras de telefonia em aderir à oferta, explica o presidente da Telebras, Caio Bonilha. Segundo ele, o plano só começou a ganhar impulso em meados de 2012. Mas os obstáculos vão além, lembram especialistas, como a concorrência com os planos de conexão à internet dos celulares pré-pagos e a baixa presença de computadores nos lares brasileiros.

→ O próprio presidente da Telebras admite que 1 MB é pouco: “O PNBL tem que se atualizar, aumentando a velocidade e ampliando a sua rede. Em 2012, colocamos 15 mil quilômetros de rede em operação. No fim de 2012, ativamos a rede no Nordeste, que soma 4,6 mil quilômetros.”

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)

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15 janeiro, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

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