Cenário preocupante


Para Valdivino, quadro de baixo crescimento do PIB e inflação em alta deve se manter em 2013

Inflação acima da meta estabelecida pelo governo e crescimento econômico pífio. Essa é a combinação perversa que o Brasil vem registrando segundo os últimos indicadores econômicos divulgados. A inflação oficial fechou 2012 com avanço de 5,84%, acima da meta estipulada pelo governo, de 4,5%, enquanto o “PIBinho” do ano recém-encerrado não deve passar de 1%. Para o deputado Valdivino de Oliveira (GO), previsão de cenário melhor em 2013 é algo ainda fora da realidade.

 

Neste ano o governo mais uma vez se apresenta otimista, mesmo após ver todas as suas projeções em 2012 terem caído por terra. O desempenho brasileiro é muito pior que o da maior parte dos países emergentes e até inferior ao de nações desenvolvidas em crise. O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, festejou o resultado "menos pior" que o de 2011, quando o IPCA se elevou 6,5%, e garantiu para 2013 uma nova redução da alta de preços. Só que o governo finge se esquecer de que havia projetado fechar 2012 em 5,3%, o que não aconteceu.

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Segundo o último boletim Focus, a expectativa para a economia não é nada boa. Os analistas voltaram a diminuir a previsão de crescimento e aumentaram a de inflação. Segundo a pesquisa semanal que o Banco Central faz com analistas do mercado financeiro, o país deve crescer 3,26%, cada vez mais longe dos 4% esperados pelo Planalto.

“Não há previsão clara de que se possa melhorar. Estamos longe de alcançar um maior crescimento por falta de investimentos tanto públicos quanto privados”, avalia Valdivino. O tucano vai ao ponto chave: sem investimentos de peso e com a baixa produção industrial e de oferta de produtos, os preços e a inflação continuarão em alta e o crescimento do PIB mais uma vez deverá ser ruim.

De acordo com a ONG Contas Abertas, o governo investiu apenas 40% dos R$ 114,6 bilhões previstos para 2012. Ou seja, o nível de aportes cresceu apenas 5% em relação ao ano anterior, o menor patamar desde 2006. Para mudar o cenário o tucano acredita que seria preciso trilhar caminhos completamente diferentes dos escolhidos pelo governo federal.

Segundo o parlamentar, o investimento privado sofre a desconfiança das políticas setoriais que o governo adota. As ações são baseadas geralmente em medidas de caráter temporário, o que deixa o empresariado desestimulado a investir. “O setor público também investe pouco. Os munícipios não tem dinheiro. Os estados gastam seus recursos em pagamento de dívidas e salários e o governo federal sofre de uma letargia no andamento de suas obras”, pontua.

Valdivino explica que para conseguir reduzir os preços e ver o país crescer mais, o governo federal precisaria, sobretudo, adotar ações mais amplas e visíveis, principalmente em relação aos investimentos. As medidas pontuais do Planalto funcionam como tapa-buracos. “Precisamos recuperar a capacidade de investimento tanto dos municípios quanto dos estados, mas o governo federal faz vistas grossas para isso”, lamentou.

Diante da situação atual, quem mais sofre é a população mais humilde. Além da inflação, e da própria meta do governo ser bem elevada para um país com economia estável, o INPC, que mede a inflação para a população de baixa renda, fechou em 6,2%. “É uma inflação alta para o cenário brasileiro hoje, mas não vejo nada que possa mudar essa trajetória”, reforça o tucano.

Preços nas alturas

Em 2012, as passagens aéreas subiram 26%. As despesas pessoais aumentaram 10,17%. A inflação de serviços fechou em 8,74%. O gasto com empregado doméstico aumentou 12,7%. Os aluguéis subiram 8,95% e os planos de saúde, 7,79%. O grupo alimentação subiu 9,86%, não só pela quebra de safras em vários países, mas também porque os restaurantes brasileiros estão pagando mais por aluguéis e mão de obra.
 

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Beto Oliveira – Ag. Câmara/ Áudio: Hélio Ricardo)

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11 janeiro, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

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