Falta de planejamento


Custo da insegurança no setor elétrico pode sobrar para o consumidor, alerta Kaefer

Apesar da crise que ronda o setor elétrico, o governo federal continua tentando minimizar o risco de racionamento em 2013. O cenário de insegurança é resultado da falta de planejamento e da incapacidade gerencial do governo petista. Como alertou o deputado Alfredo Kaefer (PR) nesta quinta-feira (10), o custo da instabilidade pode sobrar para os consumidores.

Após participarem ontem de reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), autoridades federais admitiram que as tarifas de energia poderão subir até 3% em 2014 se o pior cenário de previsão de chuvas se concretizar e a quase totalidade das usinas térmicas se mantiver acionada ao longo deste ano.

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Ou seja, o governo está contando com as chuvas e com as térmicas para evitar problemas no fornecimento de energia, embora o risco de apagão tenha sido novamente descartado pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. Mas se as obras do setor  não estivessem tão atrasadas, o governo não precisaria torcer tanto para que chova muito nas regiões onde ficam as principais usinas hidrelétricas. A “reza” do Planalto para que isso aconteça foi um dos principais pontos da coletiva concedida após a primeira reunião do ano do CMSE.

Na avaliação de Kaefer, faltou prudência da presidente Dilma Rousseff quando ela quis baixar em 20% o valor da conta de luz sem prever  uma situação delicada como a atual. Para ele, antes de tomar qualquer decisão a petista deveria saber o estado em que se encontravam os reservatórios das usinas. “Ela poderia ter abortado o processo da redução nos patamares prometidos ou então ter postergado a decisão, pois o momento é inoportuno”, afirmou.

Para Kaefer, a instabilidade no setor prejudicará a população. “Quem vai pagar essa conta? Certamente será rateada pelos brasileiros", afirmou ao lembrar que o custo para acionamento das térmicas já chega a R$ 1 bilhão. Além disso, o Tesouro terá que ser acionado se Dilma mantiver a disposição de reduzir as faturas de energia em 20%.

O problema do setor elétrico brasileiro não é apenas do momento. Mais da metade das obras de usinas, de linhas de transmissão e de subestações está atrasada. Além disso, descompassos gritantes entre uma obra e outra geram situações absurdas, como a de uma grande usina entrar em operação sem que a energia por ela gerada possa chegar aos centros de consumo por falta de linhas de transmissão. 

O atual cenário é um retrato da política energética do governo do PT. O cenário mostra que faltou racionalidade, planejamento e previsibilidade para tomar a decisão de redução da tarifa, segundo o deputado. “Quando não há solução, não tem o que fazer a não ser rezar ou apelar para uma tribo de índio ensaiar a dança da chuva. É o que resta. Vamos todos pagar essa conta, infelizmente”, reforçou.

Energia nuclear
O tucano destacou ainda a tramitação de Proposta de Emenda à Constituição (PEC- 122/07) de sua autoria que autoriza a iniciativa privada a construir e operar reatores nucleares, iniciativa privativa do Estado atualmente. Dessa forma, o tucano acredita que o Brasil poderia triplicar sua produção de energia elétrica até 2030.

Como a construção de hidrelétricas enfrenta dificuldades para conseguir licenças ambientais, Kaefer destaca a necessidade de diversificar as fontes de geração de energia e aponta as vantagens da energia nuclear como alternativa. A PEC prevê o fim do monopólio do governo na construção e na operação de reatores nucleares que produzam energia elétrica, abrindo o mercado para empresas com pelo menos 70% de capital nacional.

“Se as empresas privadas não entrarem no ramo, em poucos anos o Brasil será vítima de um 'apagão energético', tendo em vista que o consumo no país é crescente e que mais de 90% da energia produzida no país provêm de usinas hidrelétricas, dependentes das chuvas”, enfatizou o autor da proposta.

Dependendo do tempo, tarifas podem aumentar
→ O Comitê discutiu medidas que poderão ser adotadas para afastar o risco de um racionamento, entre as quais, o uso permanente das térmicas mais caras, hoje só acionadas quando o nível dos reservatórios cai demais. O Comitê analisou ainda opções para reduzir o impacto nas tarifas do custo das térmicas.

→ Hermes Chipp, chefe do Operador Nacional do Sistema,  disse que, no pior cenário de chuvas, com as térmicas mais caras acionadas o ano inteiro em 2013, o custo mensal médio desse uso será de R$ 400 milhões. Isso poderia levar a um aumento de tarifas entre 2% e 3% em 2014, dependendo das ações que o governo adotar para reduzir esse impacto.

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)

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10 janeiro, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

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