Investigação necessária


Pestana defende investigação pelo MPF de denúncias sobre envolvimento de Lula no mensalão

O deputado Marcus Pestana (MG) defendeu que o Ministério Público Federal (MPF) investigue o ex-presidente Lula com base nas acusações de Marcos Valério reveladas pelo jornal “O Estado de S. Paulo” em dezembro, que envolvem o petista no mensalão. O publicitário afirmou que o esquema também pagou despesas pessoais do ex-presidente. Diante das novas revelações, o parlamentar cobra uma investigação mais aprofundada sobre o envolvimento de Lula.

“A democracia pressupõe transparência. As instituições estão em pleno funcionamento. O Ministério Público é um agente importante na preservação da legalidade e da Constituição. Não devemos fazer pré-julgamento, mas é importante a apuração”, afirmou o tucano nesta quarta-feira (9).

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O “Estadão” divulgou que o MPF teria decidido investigar Lula com base na acusação de Valério. A Secretaria de Comunicação do Ministério Público Federal informou hoje que o Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, ainda não iniciou a análise do depoimento de Marcos Valério, pois aguardava o término do julgamento da AP 470 (mensalão). Esclarece ainda que somente após a análise poderá informar o que será feito com o material.

No mês passado, o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), os deputados federais Carlos Sampaio (SP) e Vanderlei Macris (SP), além do senador José Agripino (RN), presidente do Democratas, protocolaram representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) para pedir investigações sobre os fatos relatados no depoimento do publicitário.

No depoimento de 13 páginas, Valério disse ter passado dinheiro para Lula arcar com “gastos  pessoais” no início de 2003, quando o petista já havia assumido a Presidência. O empresário relatou que os recursos foram depositados na conta da empresa de segurança Caso, de propriedade do ex-assessor da Presidência  Freud Godoy. Segundo Valério, Godoy era uma espécie de “faz-tudo” de Lula.

Ao investigar o mensalão, a CPI dos Correios detectou, em 2005, um pagamento feito pela SMPB, agência de publicidade de Valério, à empresa de Freud. O depósito foi feito, segundo dados do sigilo quebrado pela comissão, em 21 e janeiro de 2003, no valor de R$ 98,5 mil.

As declarações não podem passar despercebidas, principalmente por envolver um homem público como o ex-presidente, de acordo com Pestana. Petistas envolvidos no esquema preservam o nome de Lula desde que o escândalo foi descoberto, em 2005. Mas, após o julgamento, Valério – condenado a mais de 40 anos de prisão – mudou a versão e fez a denúncia.

Segundo o deputado, a investigação é importante até mesmo para o fortalecimento das instituições. “Vida pública é vida aberta. Recursos públicos são de todos. Todo homem público tem que prestar satisfação das suas atitudes. Se há indício, denúncia ou qualquer elemento de dúvida sobre o comportamento de qualquer agente político, é necessário investigar”, cobrou Pestana.

Despesas pessoais

→ Oficialmente, Freud Godoy afirmou que o dinheiro serviu para o pagamento de serviços prestados durante a campanha eleitoral de 2002. Esses serviços não foram formalizados em contrato e não houve contabilização formal das despesas, conforme mostrou o Estadão.

→ No depoimento, Valério disse que esse dinheiro tinha como destinatário o ex-presidente Lula. Ele, no entanto, não soube detalhar quais as despesas do ex-presidente foram pagas com o dinheiro. Conforme pessoas próximas, Valério afirmou que esse pagamento ocorreu porque o governo ainda não havia descoberto a possibilidade de gastos com cartões corporativos.

→ No STF, a revelação das acusações levou integrantes do tribunal a cobrarem investigações. O presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, afirmou em dezembro que não haveria outra saída senão investigar. “O Ministério Público, em matéria penal, no nosso sistema, não goza da prerrogativa de escolher o caso que leva adiante, que caso ele vai conduzir. É regido pelo princípio da obrigatoriedade, tem dever de fazê-lo”, disse.

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)

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9 janeiro, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

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