Entrevista


 

Liderança de Bruno Araújo é marcada por forte fiscalização do governo e atuação firme na Câmara

A liderança do deputado Bruno Araújo (PE) à frente do PSDB na Câmara foi marcada pela firme fiscalização dos desmandos do governo Dilma e pela contribuição do partido em votações de interesse nacional. Segundo o parlamentar, solidariedade, participação e divisão de tarefas possibilitaram uma atuação de destaque da bancada em 2012. Em entrevista exclusiva publicada na edição 2000 do "Diário Tucano", o deputado destacou fatos marcantes do ano, como o constrangimento do PT após a condenação dos mensaleiros, as quedas de braço com o governo em plenário e a lentidão da economia.

Quais princípios marcaram a atuação da bancada do PSDB na sua liderança em 2012?
A característica da participação, da solidariedade e da divisão de tarefas dentro da bancada. Foi mais uma vez um ano em que se confirmaram denúncias crônicas em relação ao governo do PT, que se estende desde a origem do mensalão. Ano após ano surgem escândalos que atingem o primeiro escalão, ministros e, mais recentemente, a antessala da Presidência da República. O governo do PT não avançou em qualquer reforma estrutural relevante. O PSDB foi muito ativo e eficaz no acompanhamento e fiscalização do governo Dilma Rousseff.

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Quais as principais matérias que tiveram atuação marcante do partido na Câmara?
O fundo de previdência do servidor público foi muito importante, assim como a votação dos royalties do petróleo. É preciso lembrar a apreciação do Código Florestal, que aponta para uma regularização dessa nova demanda entre a sociedade e o meio ambiente. Mais uma vez foi uma queda de braço entre Congresso e a presidente Dilma.

Qual a sua avaliação sobre a vitória do partido em várias cidades nas eleições municipais?
É um avanço, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste, onde o PSDB sempre teve uma presença mais discreta em relação a outros locais. O partido, apesar da derrota em São Paulo, mantém o equilíbrio no Sul e no Sudeste e fez um avanço muito importante no Norte e no Nordeste numa demonstração clara de que a população incorporou os programas sociais como política de Estado. Vamos precisar entrar em um novo momento nos comunicando de forma mais ativa e de fato procurando representar o partido, que aponta para a solução dos anseios da população.

O que representou para o país a condenação dos mensaleiros no STF?
Acreditamos que nossas instituições de fato estão completando um ciclo em que a investigação iniciada no Parlamento avançou na Polícia Federal, teve uma denúncia formulada pelo Ministério Público e, por fim, fechou com o julgamento do Supremo Tribunal Federal. Esse é o marco do ponto de vista constitucional. Do ponto de vista político, é a confirmação de o PT ser constrangido com tudo que negou ao longo desse processo. E o mais importante: é um sinal claro do STF que de fato todos assumem pé de igualdade em relação à lei.

No início do ano, o senhor e outros deputados visitaram um trecho da transposição do rio São Francisco no Ceará e constataram um cenário terrível. Esse é um marco da incompetência da atual gestão?
O que se caracteriza na chegada do terceiro ano da presidente Dilma é que caiu por terra sua fama de gerente. Vemos os principais projetos do Orçamento, que o governo deu o nome de PAC, e estão absolutamente paralisados. Na transposição do rio São Francisco, o pouco executado está se acabando pelo tempo. A Transnordestina está parada. Estamos falando de atraso de quatro anos da Usina Belo Monte e da BR 101.  Se pensarmos nos 10 maiores programas de infraestrutura da propaganda intitulada PAC, vamos identificar um atraso médio de três a cinco anos. A presidente se elegeu sob o ícone de uma grande gestora, mas está demonstrando que tem sido no máximo regular na condução das grandes obras.

A economia brasileira cresceu em ritmo lento em 2012. As ações de incentivo do governo não deram resultado?
Não deram porque há um viés ideológico nas ações do governo e grande parte das medidas veio com atraso. Deveriam ter sido retomadas desde o final do governo do PSDB, sobretudo o chamamento da iniciativa privada para colaborar. O governo tem feito a conta-gotas o atendimento a setores específicos da economia em detrimento de uma equação mais regular, sobretudo a coragem de reduzir o custo da máquina e do tamanho da carga tributária brasileira, que atinge um recorde na nossa história.

O ano termina com mais um escândalo, dessa vez muito próximo ao Planalto. Que marca essas denúncias de corrupção vão deixar na gestão de Dilma?
O país vai ter uma clareza da forma endêmica com que o governo petista foi absolutamente conivente, omisso e tratou esses escândalos como algo apenas incorporado ao ambiente da cultura brasileira. O governo do PT não teve coragem de enfrentar isso com força. A presidente Dilma tem sido rápida em algumas medidas, mas é bom lembrar que os escândalos se deram com pessoas nomeadas ou mantidas pelo governo dela.

O que representou o veto à emenda da cesta básica, que teria enorme impacto para a população?
O governo federal poderia ter cumprido a possibilidade de estimular setores da economia. Não só setores automobilístico e de indústrias, mas algo que estimula a melhor qualidade de alimentação de milhões de brasileiros e a melhoria da renda para consumir outros produtos. É bom lembrar que isso estimularia a própria produção de alimentos, que tem um componente importantíssimo na economia. Em um viés preconceituoso, pela emenda ter iniciativa do PSDB, coube à presidente proibir que a população tivesse esse benefício.

(Da redação/ Foto: Leonardo Prado – Agência Câmara)

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26 dezembro, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

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