Parecer controverso
Com apoio do PSDB, CPI derruba relatório de petista e envia informações à PGR e à Polícia Federal
A CPI Mista do Cachoeira concluiu os trabalhos nesta terça-feira (18) com a derrubada do controverso relatório apresentado pelo deputado Odair Cunha (PT-MG). O PSDB ajudou a rejeitar o texto e a aprovar o voto em separado do deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF). Os tucanos foram contra o relatório do parlamentar mineiro por entender que ele politizou a investigação e deixou importantes pontos de fora do texto, ao mesmo tempo em que tentou imputar, sem provas, vários crimes ao governador de Goiás, Marconi Perillo. Já pela proposta de Pitiman, todo o trabalho da comissão será encaminhado ao Ministério Público e à Polícia Federal.
Para o deputado Carlos Sampaio (SP), os parlamentares se viram obrigados a rejeitar o relatório de Cunha devido ao conteúdo. “Infelizmente, o proceder do relator, perseguindo politicamente um governador, foi inadmissível. O relatório tinha que ser rejeitado”, disse. De acordo com Sampaio, o fato de deixar de investigar e de sequer pedir a investigação do braço financeiro da organização criminosa foi uma questão vexatória para a CPMI.
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Foi por essa razão que os tucanos preferiram aprovar o relatório de Pitiman. Em apenas duas páginas, o peemedebista resumiu sua contrariedade ao texto de Cunha e sem pedir indiciamentos determinou o encaminhamento de tudo que foi produzido pela CPI para os demais órgãos poderem dar continuidade às investigações. Pouco antes, um requerimento de Cunha foi aprovado no mesmo sentido, só que era endereçado a Procuradoria Geral da República e ao Ministério Público de Goiás.
Na avaliação dos deputados do PSDB, já que a CPI não pode, devido à interferência do governo, cumprir seu papel de investigar com isenção, então caberá a outras instituições fazer isso. “O voto em separado do deputado Pitiman encaminha tudo que investigamos, inclusive sobre a empreiteira Delta e os políticos, independentemente do partido, ao Ministério Público e à PF”, destacou Domingos Savio (MG). Segundo o tucano, essa foi a melhor alternativa, já que os demais votos em separado, inclusive o do PSDB, não conseguiriam consenso.
“Digamos que foi o menos pior”, resumiu Vanderlei Macris (SP). Para ele, o essencial seria a investigação aprofundada da construtora Delta, principal parceira do governo no Programa de aceleração do Crescimento e apontada como braço financeiro da organização de Carlos Cachoeira. De acordo com o tucano, a tentativa de investigar a empresa laranja foi abortada pelo governo para impedir que se chegasse a contratos suspeitos com o Planalto.
“A aprovação desse voto em separado manda tudo para o Ministério Público e esperamos que lá, pelo menos, tenhamos uma investigação mais aprofundada dessas atividades encobertas pelo governo na comissão”, disse.
O deputado ressaltou ainda a importância do texto produzido pelo PSDB. “Nosso voto em separado, com mais de mil páginas, foi fruto de uma investigação aprofundada feita pela nossa bancada. São detalhamentos importantes que precisam ser entregues ao Ministério Público. Nosso voto a favor do relatório do Pitiman foi no sentido de fazer com que tudo isso chegue ao MP para aprofundarem as investigações, principalmente em relação à Delta”, afirmou Macris.
(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola / Áudio: Elyvio Blower)
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