Relatório incorrigível


Tucanos apresentam voto em separado na CPI do Cachoeira

O PSDB apresentou voto em separado ao relatório da CPI do Cachoeira nesta terça-feira (11). Os parlamentares do partido foram contrários ao documento produzido pelo deputado Odair Cunha (PT-MG) por considerarem o texto tendencioso e politizado. Na avaliação dos tucanos, apenas correções não seriam suficientes para desfazer as discrepâncias contidas no relatório.

“O relatório se apresentou incorrigível porque não tinha uma lógica investigativa”, avaliou o deputado Carlos Sampaio (SP). Segundo ele, as conclusões de Odair Cunha foram pautadas em perseguição política ao governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), devido ao alerta feito por ele ao ex-presidente Lula sobre a existência do mensalão.

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Mesmo sem nenhuma prova e depois de quase oito meses de investigação, o petista pede, no texto, o indiciamento do governador tucano por seis crimes. Como se não bastasse, o relatório possui pedidos semelhantes referentes ao jornalista da Veja Policarpo Júnior e ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel.  Nesses dois casos, o relator afirmou se tratar de um erro, já que havia retirado, a pedido da comissão, os capítulos que fazia tais pedidos. Esse “erro” tornou o relatório ainda mais dúbio.

Já no voto do PSDB, os parlamentares pedem ao Ministério Público que aprofunde a investigação sobre as conexões da empresa Delta e de importantes envolvidos com o esquema da construtora deixados de lado no relatório oficial. Entre eles, José Dirceu, o ex-presidente da Delta Fernando Cavendish, e o ex-diretor do Dnit Luiz Antônio Pagot. O partido também sugere investigação sobre o ex-tesoureiro do PT José de Filipe, além dos empresários Hélio Calixto, Adir Assad, do ex- ministro Hélio Costa e de vários representantes da Delta.

Dificilmente o relatório de Odair Cunha será aprovado. A razão, segundo Sampaio, é a indignação de parlamentares dos mais diversos partidos por conta da politização do texto. Das 18 empresas laranja identificadas pelo PSDB, o petista só pediu investigação de seis. No voto em separado, o partido inclui todas elas. De acordo com as apurações, a Delta teria repassado cerca de R$ 421 milhões de recursos de origem nos cofres públicos a essas firmas.

“Conseguimos mostrar que essa CPI avançou no sentido de mostrar que a Delta, uma das maiores contratadas do governo federal para obras do PAC, é a principal envolvida nessa teia de corrupção. Ficou muito evidente a trama do governo de isentar todos os demais envolvidos e acabar com a CPI”, destacou Vanderlei Macris (SP), ao reforçar o uso político da comissão para atingir Perillo.

De acordo com o tucano, não houve a quebra de sigilo das empresas fantasma identificadas no esquema porque isso identificaria outros personagens, provavelmente ligados ao governo federal. “Quando o governo percebeu que isso ia cair no seu colo, simplesmente desviou o foco e quis encerrar a CPI”, disse. A votação do relatório está marcada para a próxima terça-feira (18).

(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)

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11 dezembro, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

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