Resgate da democracia


Devolução simbólica de mandatos cassados é reconhecimento da luta de deputados, dizem tucanos

Os deputados Raimundo Gomes de Matos (CE) e Carlos Brandão (MA) disseram nesta quinta-feira (6) que a Câmara reconhece a luta dos 173 parlamentares cassados pelo regime militar ao devolver simbolicamente os mandatos. Durante sessão solene, parlamentares e familiares receberam os diplomas.

Para Gomes de Matos, a Casa presta um grande serviço ao relembrar a luta dessas pessoas que contribuíram no resgate do processo democrático. “Esse processo democrático se deve a esses parlamentares cassados, para que hoje tenhamos a liberdade de imprensa, as instituições abertas, transparência nas ações. Por meio da Comissão da Verdade podemos manter viva a história daqueles que já se foram e de outros que aqui estão contribuindo para o nosso país”, afirmou.

Brandão disse que a Câmara reconhece a bravura desses parlamentares ao devolver simbolicamente os mandatos. “Acredito que momento foi oportuno para reconhecer o trabalho, a luta dessas pessoas que foram cassadas sem nenhuma explicação. A Câmara faz um grande gesto reconhecendo o direito deles e devolvendo o mandato”, ressaltou.

Play
baixe aqui

O filho do ex-governador de São Paulo Mário Covas, o advogado e vereador eleito da capital paulista Mário Covas Neto (PSDB-SP), representou o pai e disse que a diplomação faz justiça. “Representa muito, especialmente para aqueles que não tiveram a oportunidade de voltar para a vida pública, para aqueles que faleceram ao longo do caminho. E para os familiares é um ato de justiça. É o reconhecimento de que a volta da democracia se deu de forma pacífica e por um entendimento político”, argumentou.

Mário Covas Neto disse que o pai ficou incomodado na época porque os militares demoraram um pouco mais para cassá-lo, já que ele era o líder do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), que hoje é o PMDB. “Na primeira lista ele não fez parte. Ele entrou numa segunda lista. O que lhe deixou bastante incomodado, porque afinal, na bancada que ele liderava, vários tinham sido cassados. E o fato dele como líder não ser cassado ficava até a impressão de que ele era alguém que não estava na sua condução política ajustado com a bancada”, relembrou

Ele lembra que o pai relutou para voltar à vida pública pois achava que já tinha passado o tempo da sua geração. O tucano voltou ao cenário político 13 anos depois da cassação. Os 173 deputados foram cassados durante quatro mandatos, entre 1963 e 1979. O Congresso Nacional foi fechado três vezes durante o regime militar.

A homenagem, iniciativa do primeiro-secretário da Câmara, deputado Eduardo Gomes (TO), coincidiu com a abertura da exposição Parlamento Mutilado: Deputados Federais Cassados pela Ditadura de 1964 e o lançamento do livro homônimo. As atividades partiram da Comissão Parlamentar Memória, Verdade e Justiça, criada no âmbito da Comissão de Direitos Humanos e Minorias.

(Reportagem: Artur Filho/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)

 

 

 

Compartilhe:
6 dezembro, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *