Fracasso das investigações


Petista que relatou CPI do Cachoeira está constrangido e inseguro, diz Carlos Sampaio

Os sucessivos adiamentos da leitura do parecer final da CPI do Cachoeira demonstram que o relator, Odair Cunha (PT-MG), está inseguro quanto ao conteúdo do documento, na avaliação do deputado Carlos Sampaio (SP). A leitura já foi adiada três vezes e está prevista para ocorrer na próxima semana.

“O relator está constrangido com o conteúdo deste relatório, que não tem como ser alterado ou modificado porque se tornou incorrigível”, apontou o tucano. Para ele, uma CPI que não segue a lógica da investigação não pode ser reparada. “A Comissão Parlamentar de Inquérito foi pautada por uma perseguição política”, completou, ao se referir aos ataques do PT ao governador de Goiás, Marconi Perillo.

Durante a reunião de quarta-feira (21), parlamentares da base aliada e da oposição já  tinham criticado duramente o parecer. O direcionamento político das investigações e a falta de resultados consistentes foram fatores apontados por deputados e senadores para o fracasso do colegiado. “O relatório precisa ter a cara da comissão como um todo, mas, a partir do momento que o relator mostra essa insegurança, é porque sabe que as inconsistências e os erros são muitos”, enfatizou Sampaio.

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O tucano espera que o texto seja derrubado. “A impressão que tenho é que há um certo constrangimento do relator com relação à inclusão e os pedidos de indiciamentos mais diversos. Ele disse que o relatório é amplo, irrestrito e geral, mas ele é pessoal, restrito e persecutório, pois mira a oposição ao invés da lógica investigativa”, resumiu. Segundo informou, o PSDB está elaborando um voto em separado.

Da tribuna, o tucano rebateu discurso do deputado Dr. Rosinha (PT-PR), que defendeu o texto final. Sampaio considerou inconcebível o relator pedir indiciamento do jornalista da revista “Veja” Policarpo Júnior, algo considerado por ele “uma afronta à liberdade de imprensa”.

O relator recomenda ainda que o Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, seja investigado pelo Conselho Nacional do Ministério Público por não ter dado prosseguimento às investigações da Operação Vegas, da Polícia Federal. Segundo o tucano, a real intenção é atingir o responsável por ter sustentado a acusação do mensalão perante o Supremo Tribunal Federal.

Para o deputado Domingos Sávio (MG), a recusa do relator em ler o texto é o reconhecimento de que a condução está equivocada. “O conteúdo é um desastre na medida em que reflete interesses não democráticos”, disse. “A CPI deve servir de alerta para o país. Estamos enfrentando um governo que, travestido de democrata, com discurso de defensor das liberdades, é perseguidor, adota uma linha autoritária e que quer conduzir o país sem oposições”, alertou.

Em nota divulgada divulgada nesta quinta-feira (22), o governador de Goiás, Marconi Perillo, critica duramente o trabalho de Odair Cunha. Para o tucano, o “parecer” foi elaborado a serviço do mentor maior do mensalão e, na ânsia de agradar seu chefe, o petista produziu “o mais malfeito e inconsistente ‘relatório’ de todas as CPMIs criadas até hoje no Congresso Nacional”. Ainda de acordo com o tucano, o documento é tão confuso, direcionado e inconsistente que fica difícil até contestá-lo pontualmente. “Fica o repúdio, de forma veemente, a esta peça de ficção elaborada exclusivamente como instrumento de vingança”, diz trecho da nota.

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)

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22 novembro, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

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